Resenhas Saiu das páginas

A Hospedeira – o filme

Stephenie Meyer volta ao cinema, desta vez com a adaptação de A Hospedeira. Filme cumpre seu papel, mas não encanta como o livro.

The-Host-Saoirse-Ronan

Li “A Hospedeira” logo depois de ter terminado a quadrilogia “Crepúsculo” – ambas de autoria de Stephenie Meyer – láaaa em 2009 e confesso que foi uma grata surpresa. Depois dos vampiros melosos e do ambiente úmido e verde de Forks, fui introduzida ao mundo pacífico e árido – ironicamente – de “A Hospedeira”.

“Sou como uma planta que precisa de diferentes nutrientes para crescer. Depois de tanto tempo em Forks, trocar a floresta pelo deserto me fez muito bem”, me revelou, por telefone, uma Stephenie Meyer muito animada. E ela tinha razão para estar contente: “A Hospedeira” é completamente diferente de “Crepúsculo”, superior em escrita, até, mas não perde a assinatura de Meyer como autora. Ótima combinação.

A história lembra “Invasores de Corpos” de Jack Finney: uma raça pacífica (isso é diferente!) alienígena colonizou a Terra, tomando conta dos corpos humanos como um parasita em um hospedeiro. Ao fazer isso, os “parasitas” buscam por memórias para achar grupos resistentes e, segundo eles, aperfeiçoam a raça humana. Não existem mais guerras. Não existe doença, fome, miséria. Não existe humanidade, opiniões, emoções. Ou seja, o mundo é chato pacas!

No meio disso tudo, temos a humana Melanie Stryder, que, tenta se sacrificar para salvar seu irmão Jamie e Jared, seu namorado. Melanie acaba  com a Peregrina (ou Peg) em seu corpo. Peg  está encarregada de buscar nas memórias de Melanie onde outros resistentes estão escondidos. Mas Melanie, presa em seu corpo, mas sem controle sobre ele, começa a ser a segunda voz na cabeça de Peg. Ou seja, duas personalidades – uma alien e outra humana – em um corpo fugindo da Buscadora (personagem mais próximo de vilão que o livro tem).

E se todo livro jovem adulto (e de Stephenie Meyer) tem dois rapazes lutando pelo amor de uma menina, “A Hospedeira” não é diferente. O twist é que a menina parece ser a mesma, mas ela abriga duas na mesma pele! Nada de triangulo amoroso … tente um quadrado bizarro!

Adaptado para o cinema, “A Hospedeira” tem o ritmo lento, mas não tão lento como o livro. A narrativa é em primeira pessoa nas páginas e a lentidão é necessária para dar o tom da colonização. Pontuado por momentos de tensão extrema e de ternura de fazer chorar, “A Hospedeira” foi bem adaptado para o cinema, mas pecou em coisas básicas que poderiam ter trazido para a tela a força que ele tem nas páginas.

Por exemplo, tem beijos demais! Melanie/Peg é interpretada pela talentosa Saoirse Ronan (Desejo e Reparação) que precisa dividir sua atenção entre o lindo e charmoso Jared (interpretado por Max Irons, de “A Garota da Capa Vermelha”) e o bom romântico rapaz Ian (que funciona absurdamente bem na pele de Jake Abel). Mas é uma festa de beijos (muito bem dados!) sendo que, no livro, acontecem poucas vezes e em momentos-chave, deixando o leitor sem fôlego. Facilmente isso poderia ter acontecido no filme. Não que a quantidade de beijos machuque a narrativa, mas a enfraquece e a deixa muito “mulherzinha”. Pena.

Sem querer dar spoilers, vou tentar falar em código outro ponto negativo do filme. Já no final, quando Peg toma uma decisão bastante drástica, a maneira de dar a notícia também enfraqueceu a situação. No livro, quando acontece é de chorar baldes e baldes e no filme foi meio que “ok. Do nada, mas tudo bem. Entendo”. Mas funciona bem, só não tão bem quanto poderia.

A ambientação da Terra tomada pelos pacíficos invasores – calma, limpa, mas chata -, com veículos e figurinos claros, espelhados, frios em contraste com o calor da humanidade que está no deserto, em cavernas, na terra é muito interessante e até poética. Outro exemplo dessa dualidade está nos personagens da Buscadora (interpretado por Diane Kruger – “Bastardos Inglórios”) e por Jeb (interpretado por William Hurt). Ela deveria ser pacífica e evoluída, mas é uma psicopata fria e calculista. Ele, por sua vez, anda armado e é considerado louco, mas tem coração caridoso e mantém a família unida. Adorei!

Roteirizado e dirigido por Andrew Niccol (“Gattaca” e “O Senhor das Armas”), “A Hospedeira” é uma boa adaptação do livro, mas que poderia ser melhor. Mas, até aí, qual não pode, né?

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