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A Noviça Rebelde

Não é de conhecimento de muitos mas um dos mais famosos clássicos do cinema é baseado em um livro, “A Noviça Rebelde” é a adaptação do musical “The Sound of Music” para o cinema e essa peça é baseada no livro “The Story of the Trapp Family Singers” escrito pela própria Maria Von Trapp. Para comemorar os 55 anos de estreia do filme me escalaram aqui no Cheiro de Livro para escrever sobre o filme pelo simples motivo de que eu me ofereci para comemorar uma data que ninguém, além da fã aqui, sabe de cabeça.

Os Von Trapp depois de atravessarem os alpes acabaram se instalando em Vermot, nos EUA, onde a família tem um hotel até os dias de hoje. Uma nota curiosa: a atriz Grace Kelly e seus irmãos estudaram as crianças Von Trapp no colégio. Na década de 1940, no pós-guerra, Maria escreveu a história da família por insistência de uma amiga e em 1949 o livro acabou virando um best-seller. Esse sucesso do livro gerou dois filmes alemães.  “Die Trapp-Familie” e “Die Trapp-Familie in Amerika”, de 1956 e 1958 respectivamente, fizeram sucesso e começaram a fazer a fama mundial da família Von Trapp.

Um ano depois dos filmes alemães a consagrada dupla de compositores da Broadway Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II escreveram as músicas para a adaptação para o teatro da história de amor de George Von Trapp e a noviça Maria. O musical baseado no filme alemão encantou plateias e foi o grande vencedor do Tony, o Oscar do teatro americano, em 1960. A fama da família que foge do nazismo cantando foi se alastrando.

A FOX estava à beira da falência no inicio dos anos de 1960. Os gastos enormes e o fracasso tremendo com o filme “Cleópatra”, estrelado por Elizabeth Taylor e Richard Burton, acabara com os recursos do estúdio. Eles tinham os direitos da peça “The Sound of Music” e começaram a filmar em 1964 com um orçamento apertado. Três músicas do musical foram descartadas para a adaptação para o cinema e Rodgers e Hammersstein compuseram duas inéditas, “Something Good” e “I Have Confidence”. O grande nome do elenco, nesse momento, era Eleonor Palker, a Baronesa Schraeder, e, em certa medida, Christopher Plummer, o capitão Von Trapp. Para viver o papel principal o diretor Robert Wise tinha, uma então, desconhecida do público americano Julie Andrews. Jovem atriz que os ingleses conheciam por sua voz desde os anos 1940.

Para sorte da FOX Andrews estreou no cinema em uma produção de 1964 que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, uma das poucas que ganharam o prêmio em sua estreia na telona. Andrews ganhou fazendo o clássico “Mary Poppins”. A cerimônia do Oscar foi apenas algumas semanas antes da estreia de “A Noviça Rebelde” no cinema. A fama de Andrews era enorme e o publico aguardava o seu próximo filme.

Em dois de março de 1965 “A Noviça Rebelde” chegou aos cinemas. Foi o primeiro filme a bater a bilheteria obtida por “… E o Vento Levou”, de 1939, e tornou-se um clássico instantâneo. A FOX passou a chama-lo de “The Sound of Money” (o som do dinheiro). A bilheteria salvou o estúdio da falência e trilhou seu caminho para se tornar um clássico absoluto. Um filme tão intrincado na cultura que nos anos 1980, em um jantar de estado na Casa Branca, o primeiro ministro austríaco foi recebido ao som da música “Edelweiss”, a música não é uma música folclórica austríaca e sim parte da criação de Rodgers e Hammerstein. Foi uma gafe internacional que nem os jornalistas internacionais, com exceção dos austríacos, perceberam.

O sucesso de “A Noviça Rebelde” permanece mesmo depois de 55 anos da estreia, para horror de Christopher Plummer. O eterno capitão Von Trapp detesta ser reconhecido pelo musical e só depois de muita negociação participou das comemorações dos 50 anos. Ele, por exemplo, se recusou a dividir o palco com Julie Andrews na cerimônia do Oscar em 2015 em que a Academia reverenciou o filme e Lady Gaga cantou “The Sound of Music”. Julie Andrews não canta desde 1997. Um erro médico prejudicou suas cordas vocais quando fazia “Victor ou Victoria” na Broadway. Andrews adora o filme e, no documentário feito pelos 50 anos da produção, fala que ser reconhecida pelo papel e ver o quanto o filme é importante para tantas gerações a emociona.

Chega de histórias sobre “A Noviça Rebelde” é hora de revê-lo. Vamos?

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