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Alice Através do Espelho – O filme

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“Alice no País das Maravilhas” é o meu livro favorito de infância, ao lado de “Alice Através do Espelho”. Enquanto algumas amigas anunciavam suas princesas favoritas, eu sempre adorei Alice e sua curiosidade de ir atrás do coelho branco e descobrir um mundo fantástico. Tenho o livro em várias versões, desde a comentada que analisa a motivação de Lewis Carroll para escrever sua história, até uma versão pop-up linda em catalão. Junto a esse amor por Alice existe minha admiração pelo estilo do diretor Tim Burton, logo não precisa ser muito esperto para sacar a ansiedade que tive ao descobrir que Burton dirigiria a minha história favorita. Somado a tudo isso, eu acreditar que ele era o diretor perfeito. Então, em 2010, Alice ganhou seu filme e eu fiquei muito decepcionada. Muito mesmo. A escolha de elenco era perfeita, o cenário incrível, a Rainha de Copas era um sonho, mas sei lá, não deu liga. Ele mexeu em muita coisa e no fim virou uma bagunça que me incomodou muito.

O tempo passou, tentei superar essa decepção, relendo os livros e não revendo o filme, até que anunciaram que existiria uma continuação, ou seja, Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, EUA, 2016) também seria adaptado para o cinema. Dessa vez Tim Burton apenas produziu e deixou a cadeira de diretor para James Bobin, grande amigo do ator Sacha Baron Cohen e co-criador de seus personagens mais famosos: Ali G, Borat e Brüno. Pelo menos dessa vez explicaram que o filme era baseado apenas nos personagens criados por Lewis Carroll, então já fui para o cinema pronta para me decepcionar mais uma vez.

Bom, não me decepcionei, mas também não tive uma boa surpresa. Essa segunda aventura de Alice no cinema é morna, nada especial e apesar do filme ser mais bem elaborado e menos confuso que o primeiro, ele não empolga. Alice (Mia Wasikowska), herdou o navio do pai e passou três anos no mar liderando uma tripulação de marinheiros. Na volta, descobre que sua mãe prometeu vender o navio para quitar a hipoteca da casa. Alice não se encaixa na sociedade inglesa da época e isso incomoda muita gente, que deseja que ela seja uma moça comum. Na parte do filme que acontece no mundo real vemos uma tentativa de falar sobre feminismo, só que soa caricato e forçado. Alice tem que ficar em casa, casar, cuidar da família e da mãe. Ela não topa, então vamos interna-la num manicômio. Mas nem essa parte é bem explorada, porque quando Alice volta para o País das Maravilhas, descobrimos que o filme na verdade nem é mais sobre ela, é sobre o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) – lembra da preocupação com o feminismo? Pois é – ele perdeu sua família no dia em que sua cidade sofre um ataque e um dia volta a ter um vislumbre de esperança de que eles possam estar vivos. Mas a lembrança da família torna o Chapeleiro desanimado e ele começa a desbotar (literalmente). Alice decide ajudar seu amigo e descobre que indo até o castelo do Tempo (Sacha Baron Cohen) poderá voltar no tempo com a ajuda da Cronosfera, uma esfera mágica que controla o tempo de todo o universo.

Várias histórias se unem a do Chapeleiro e de Alice, o que torna o filme interessante, mas não o suficiente para ser bom. Tudo é muito raso e no fim acaba sendo um filme infantilizado ao invés de um filme infantil. As soluções são bobas e óbvias e Alice passa de protagonista para coadjuvante de uma aventura confusa, que em muitos momentos lembra um enorme episódio de Doctor Who. Vindo de mim, isso seria um enorme elogio, só que seria um episódio fraco, bem fraco.

Por fim, decidi esquecer todas essas versões e esperar pelo dia que acontecerá uma boa adaptação de “Alice no País das Maravilhas” e até de “Alice Através do Espelho” no cinema. Aí sim volto aqui e conversamos melhor sobre essas adaptações, porque, até agora, tudo que consegui foi ver dois filmes baseados nos personagens dos livros e nem foram filmes bons.

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