Livros Resenhas

Amor de todas as formas

Dois livros abordam romance adolescente, mas com casais bem diferentes. Ou não.

Ah, o amor. Ah, o amor na adolescência. Tem coisa melhor? Aquele frio na barriga ao encontrar a pessoa amada, aquele sorriso permanente no rosto de quando se está apaixonado. Coisa boa, amar. Mas e o preconceito quando o casal apaixonado é formado por dois meninos?

Não gosto do rótulo “romance adolescente gay”. Prefiro dizer que os livros que citarei abaixo são romances adolescentes. A única diferença é que são dois meninos que protagonizam e não um menino e uma menina.

“Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo” (Editora Seguinte) e “Will & Will”, da Galera Record são perfeitos exemplos de livros absurdamente bem escritos, que lutam contra o preconceito não ao levantar a bandeira da homossexualidade, mas ignorando a necessidade de bandeira. São personagens incrivelmente bem escritos que se apaixonam. Ambos serem do mesmo sexo é sentido como apenas um detalhe. E isso é lindo!

Em “Aristóteles e Dante”, Benjamin Alire Sáenz descreve uma amizade linda que se transforma em algo mais. Aristóteles – ou Ari – é de origem humilde. Dante é filho de professor universitário de literatura. Enquanto Dante é sensível e bem articulado, Ari é inseguro, mas tem um humor incrível. Ari não sabe nadar e Dante o ensina e os dois viram amigos.

O livro é narrado por Ari, que se mostra real em termos de conflitos que vive, mas também na forma de lidar com tudo. Percebemos que Dante sente mais do que amizade por ele antes mesmo dele perceber. E também notamos a reciprocidade antes dele se dar conta. E isso é feito de forma muito delicada, respeitosa e linda. Não é baixaria, não é quente, não é nada que jovens não sintam ou passam nessa idade e é exatamente isso que encanta no livro.

Cada momento dividido entre os dois mostra uma amizade, uma cumplicidade profunda. Não tem como poupar elogios a escrita de Sáenz! O tom da narrativa, o ritmo, história e caracterização são de um equilíbrio e encanto incríveis.

Já “Will & Will” (Galera Record) é escrito em parceria entre John Green e David Levithan, dois gigantes da literatura jovem. Impossível o resultado dessa parceria ser algo que não excelência. Aqui, os dois personagens homônimos alternam a vez durante a narrativa, realizada em primeira pessoa. Enquanto um Will é confortável com sua vida e com as palavras, o outro é atormentado e isso aparece nas letras minúsculas e na forma de pontuar a narrativa. Adoro quando a forma do livro adiciona para o tema contato, para o estilo utilizado!

“Will & Will” assim como “Aristóteles e Dante” também narra amor entre dois meninos de forma natural. Aqui, o peso do preconceito aparece desde o início, quando em “Ari e Dante”, só chega com força mais no final do livro, o que é coerente com a história. “Will & Will” traz uma reviravolta interessante e é apaixonante ver como personagens complexos e muito reais são construídos a quatro mãos.

Amar é bom demais e não ser correspondido dói profundamente. Amar e ter esse amor corrompido pelo o que os outros acham também machuca e ambos os livros mostram a parte linda do amor, a parte complicada e tudo que pode dar certo se simplesmente aceitarmos que nem todos são iguais. E que tudo bem ser assim.

Lindos, sensíveis e de fácil leitura sem serem superficiais, “Aristóteles e Dante” e “Will & Will” são exemplos excelentes de literatura de qualidade e que abordam tema considerado polêmico. Não precisa ser.

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