O livro de Stephen Chbosky já era sucesso nos EUA há tempos mas só entrou no meu radar quando virou filme. Eu tento sempre ler os romances antes de ver suas adaptações no cinema, não foi o caso aqui. Vi o filme, por sinal um bom filme, e fiquei curiosa para ler o livro. Para conseguir lê-lo mais rápido comprei no kindle em inglês (existe também em português). No Brasil o romance é editado com a capa que é o cartaz do filme pela Rocco.
Chbosky escreve um clássico romance de formação passado em uma High School americana. Charlie é um adolescente de 15 anos, sem amigos, que está escrevendo cartas para um alguém misterioso. Essa é a estrutura da narrativa, cartas de Charlie para um amigo, todo o texto em primeira pessoa. Sabemos apenas o que Charlie quer nos contar e funciona muito bem.
Foi impossível não comparar o que lia com o que assisti no cinema. No romance Charlie é infantil demais, tem atitudes mais condizentes com pré-adolescentes e o fato de chorar por tudo não contribui para a construção de um personagem menos infantil. No filme temos um personagem principal que é o esquisito da escola, no livro ele mais do que esquisito. A infantilidade dele me incomodou um pouco e atrapalha a evolução que ele tem ao longo da historia.
A vida de Charlie começa a mudar quando conhece Sam e Patrick. É essa relação que transforma o personagem e que faz o livro tão apaixonante. É o descobrir o mundo com seus amigos, é ter amigos para descobrir o mundo, e todo o drama que essas relações representam. Charlie se apaixona por Sam, é seu primeiro amor e ele não sabe lidar com as emoções. Existe uma explicação para a confusão sentimental que é o personagem principal mas isso seria spoiler contar.
Entre festas, drogas, música e um grupo de amigos que adora “Rocky Horror Picture Show” temos pitadas das relações familiares que esse adolescente tem. A família dele é ótima, tive vontade de saber mais sobre seus pais e seu irmão, a irmã é mais presente, mas só sabemos o que Charlie nos deixa conhecer e fica um gostinho de quero mais.
Tudo isso é ambientado nos anos noventa, entre muitas fitas K7 com coletâneas musicais. Quem foi adolescente na ultima década do século passado vai ter um momento de nostalgia nessas passagens. Além da musica a literatura também tem um papel importante na historia. Bill, o professor de inglês, é um personagem constante, faz o papel de mentor entregando livros e mais livros que Charlie devora e comenta em suas cartas.
A historia tem um final que deveria ser mais surpreendente do que realmente é – essa sensação acontece no livro e no filme. É um bom romance de formação temperado com música e literatura. Vale a pena ler o livro e ver o filme, um complementa o outro de certa forma e ambos foram escritos por Chbosky.
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