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Cartas a um jovem político

O Ferreira, nosso amigo do Depois dos Créditos, costuma dizer que “House of Cards” é como todo mundo imagina que a política seja, “The West Wing” é como ela deveria ser e “Veep” é como ela deve ser de verdade. Lembrei bastante dessa máxima ao ler “Cartas a um jovem político” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. São 18 cartas em que FHC escreve sobre ser político e como funciona o mundo político, tudo com a visão de que são dicas e conselhos para alguém que quer trilhar esse caminho.

O livro foi escrito em 2006 e foi revisado para esse novo lançamento. FHC, como ele fala a todo momento nas páginas, é um professor de sociologia e essa formação fica clara nas páginas, há um tom professoral na escrita e isso não é ruim, a ideia do livro é exatamente essa. São abordados vários aspectos da vida política, da formação, as alianças para governar e até o legado e como a história o julgará.

O mundo que FHC descreve para o jovem político é o ideal, é utópico, é “The West Wing”. Só quando ele começa a falar sobre as campanhas e as promessas é que o livro se aproxima mais da realidade e mostra um certo rancor dele como legislativo. Todo momento quando ele escreve sobre campanha política e marqueteiros ele fala que se você é eleito para um cargo executivo haverá cobranças que não atingem o legislativo. É bem interessante ver esse desconforto dele com o legislativo ainda mais como um lembrete de que nesse ano renovaremos a totalidade da câmara e 2/3 do senado. É um bom alerta que FHC dá no livro.

FHC fala sobre a utopia necessária para se entrar em uma vida política e quão complexa e difícil ela é. Fala sobre os diferentes caminhos que levam alguém a vida política, fala sobre sua formação, a formação do ex-presidentes Lula, Itamar Franco e Fernando Collor. Todas as considerações e conselhos que ele dá são ótimos, mas é impossível lê-los sem pensar no governo que ele teve e como o PSDB funciona no atual governo Temer. Mais do isso aqui e ali no livro FHC dá umas alfinetas do PT, dos escândalos de corrupção, nas alianças que o partido fez no governo. Era de se esperar que ele fizesse isso, claro, mas chega a ser irônico levando em conta o histórico do governo do próprio.

Tirando as alfinetadas em adversários e tendo em perspectiva o histórico de FHC quando presidente há muito valor no caminho que ele aponta para um jovem político. É um caminho que todos nós deveríamos prestar atenção quando formos votar em outubro. Ele diz que para se entrar na política deve-se ter um ideal, uma causa, que deve-se ser um bom articulador, tentar nunca se afastar da realidade ( o capítulo em que ele fala sobre abrir portas é muito bom) e ter sempre em mente que deve-se lutar pelo bem comum e não para o puro e simples crescimento pessoal, deve-se ter um projeto de governo e não de poder. São todas guias importante que nossos políticos deveriam ter, infelizmente, como mostra o atua governo e  sua base aliada estamos bem distantes disso. Que possamos mudar começando em outubro nas urnas.

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