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Clarice Lispector – Todas as Crônicas

Conhecia muito pouco da obra de não ficção de Clarice Lispector e “Todas as Crônica” veio suprir essa lacuna no meu conhecimento dos escritos de Clarice. Assim como “Todos os Contos” o livro é lindo e organiza cronologicamente os escritos. É desses livros obrigatórios na biblioteca de qualquer um.

Dentre os elementos que mais gosto de livros de contos e crônicas é a possibilidade de não seguir qualquer ordem, de pegar o livro e abrir em uma página aleatória e começar a ler. Cada dia abria o livro em uma página qualquer e assim fui lendo o que Clarice escreveu em jornais como Jornal do Brasil e Última Hora. São textos sobre os filhos, sobre a vida cotidiana, sobre tudo que povoa também o seu universo da ficção.

Tenho predileção pela crônica escrita para a Senhor em dezembro de 1968. Nesse mês, nesse ano foi decretado o AI5, foi o golpe dentro do golpe, foi o momento em que a ditadura militar aboliu os direitos individuais e tornou-se um terror ainda mais violento. 1968 foi um ano em que os estudantes foram para as ruas e pediram o fim do regime militar, foi o ano em que o estudante Edson Luiz foi morto e que a cavalaria avançou em quem saia de sua missa e espancou os presente. Foi o ano que não acabou como definiu Zuenir Ventura. Nessa crônica, com o pretexto de falar sobre a escolha de uma secretária, Clarice enaltece os estudantes universitários e a minissaia. É preciso conhecer a nossa própria história para entender as sutilezas e as entrelinhas de uma crônica escrita sob a censura dentro das redações.

São infindáveis as crônicas que ficaram comigo bem depois de terminar a leitura, Clarice tem esse poder sob mim, sempre que a leio fico horas, dias remoendo o que li, volto às páginas, releio e vou digerindo aos poucos as suas palavras.

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