Suspense psicológico que merece ser lido sem afobação
Tá, minha primeira impressão logo nas primeiras páginas de “Eu estou pensando em acabar com tudo”(Ian Reid, selo Fábrica 231 da Editora Rocco – tradução de Santiago Nazarian) acabou se tornando um spoiler gigante se eu contar. Mas eu queria muito contar, porque mostra como esse autor é brilhante! Então, se você tiver lido e encontrar comigo em eventos por aí (ou até me mandar uma mensagem em pvt nas redes sociais), compartilho o spoiler, ok?
Pulando isso, vamos ao que interessa: eu queria ler algo de suspense e a Rocco me ofereceu essa edição belíssima de capa dura. Como recusar? Então cai dentro do primeiro livro não ficção de Ian Reid. Como leio muito não só para o blog, mas para eventos, trabalho e porque, bem porque eu gosto muito, geralmente leio muito rápido, o que pode ser um problema para alguns livros. Esse é um deles.
“Eu estou pensando em acabar com tudo” começa com a narradora e Jake, seu namorado, indo para o campo para conhecer os pais dele. É a primeira vez que nossa protagonista – que não tem nome (e isso é significativo! Mantenham em mente) – vai conhecer os progenitores do namorado e ela nos conta que a família dela nem sabe que Jake existe. Vamos seguindo o ponto de vista da narradora que curte a companhia do namorado – que é inteligente, alto e tímido -, mas que aparenta estar meio de saco cheio e está pensando em acabar tudo (o “tudo” aqui sendo o relacionamento deles).
Então a primeira parte do livro se passa em um carro com os dois conversando e a narradora pensando sobre o passado, sobre suas escolhas que a levaram até aqui e sobre uma pessoa que anda a atormentando com ligações para lá de estranhas. Ela chama isso de “O chamado” (e não tem qualquer conexão com querida Samara-que-vive-no-fundo-do-poço). Intercalado com cada capítulo estão fragmentos de diálogos que levam o leitor a crer que um personagem cometeu suicídio e foi encontrado morto por colegas de trabalho. E essas pessoas estão comentando sobre o que poderia ter acontecido.
Aí dá a maior vontade de ler logo e pular páginas porque muita divagação dentro de um carro é zzzzzzzz. Mas aí os dois chegam à fazenda dos pais de Jake e o livro dá uma guinada para o sinistro. Sinistro MESMO!
E depois dali, a narrativa pega ritmo e eu não consegui largar a leitura. Tive que me controlar muito para não ler rápido demais e perder detalhes. E quando cheguei ao final, soltei um “eu sabia!” misturado com um “mano, que TENSO!” e com uma pitada de “tenho que ler de novo”.
Embora as primeiras páginas tivessem me dado a dica (e não direi mais do que isso), “Eu estou pensando em acabar com tudo” é tão bem escrito que ele mistura o que está narrando com o que cada leitor possa estar pensando. Complexo né? Deixa eu tentar explicar: o livro é extremamente psicológico e mexe com nós, leitores, nesse nível também. De uma maneira que grandes mestres da literatura e do cinema fazem ao nos apresentar um mistério que nos envolve a cada virada de página ou cena.
“Eu estou pensando em acabar com tudo” é uma excelente leitura não só para a galera que quer curtir um suspense, mas para aqueles que também querem estudar narrativa e construção de trama.
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