Coluna

“Eu nunca vi coisa mais bela…”

Eu tinha toda uma estrutura para a coluna de hoje montada, ia falar sobre a árdua escolha de próximo livro a ser lido, de como eu elaborei um complexo sistema para não ser levada por impulso ao mais novo livro da pilha. Tudo ia muito bem, o texto faltava só chegar a página e ontem tudo foi por terra quando a Portela levou aquele terceiro dez em enredo e tornou-se campeã depois de 33 anos.

Tenho um coração azul e branco e ele não é portelense, ele bate por uma certa escola de Nilópolis, mas mesmo assim não pude não me emocionar com a vitória de ontem. Adoro samba e competição de escola de samba, são duas coisas diferentes, não se iludam. Desfile é uma paixão a parte que nutro desde que na alvorada de um certo dia de 1989 um certo Joãozinho Trinta colocou na avenida uns mendigos. Ali estava selado o meu amor pela Beija-Flor e pela competição.

No prefácio do livro “Maravilhosa e Soberana” Francisco Bosco diz que não se escolhe time de futebol e escola de samba, simplesmente as pessoas são torcedores dessas entidades e não há nada que possa mudar. É bem assim mesmo, nào importa se o desfile foi bom ou ruim, se eu tenho conhecimento suficiente das regras para saber que ela não vai ganhar, estarei na frente da TV na quarta feira de cinzas torcendo nota a nota. Torcer não é do terreno da racionalidade, é do terreno do pensamento mágico.

Torcer por escola de samba e me interessar pelo campeonato me vez ler muito sobre como chegamos ao formato de competição que temos, sobre como as escolas saíram da marginalização para se tornarem símbolos nacionais nos anos Vargas, com a contravenção financia e corrompe tudo isso ao mesmo tempo. Quer exemplo de corrupção maior do que nenhum escola cair para a Série A depois dos dois acidentes? Era para Paraíso do Tuiuti e Unidos da Tijuca serem rebaixadas sumariamente pelos feridos que deixaram na Marques de Sapucaí.

Se não foi a minha escola que ganhou por que mudei o tema da coluna? Porque a Portela ganhou, porque o Império Serrano ganhou! Não importa o que aconteça existem quatro grandes escolas de samba: Mangueira, Portela, Salgueiro e Império. São as escolas que disputavam títulos, que construíram o caminho que levou o samba a símbolo nacional e os desfiles a ícones brasileiros. Para quem gosta de samba não é possível ver Tia Surica chorando, Seu Monarco comemorando e não se emocionar, simplesmente não é possível.

A Portela fez o novo livro do Lira Neto “Uma História do Samba: As Origens pular para o topo da pilha, afinal alguma coisa tem que sustentar meu amor pelo samba até o próximo desfile.

Quer entender o título da coluna? É só ouvir o samba

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