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Fã e fandom: tem diferença?

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Ser fã é uma experiência sensorial em vários níveis diferentes. Mas ser fã e integrar um fandom é sinônimo? Não, não é.

Ser ou não ser fã? Eis uma questão que eu nunca consegui fazer. Nunca conseguir me perguntar isso porque, para mim, ser fã nunca foi algo racional. Ser fã é uma experiência sensorial em vários níveis diferentes. Mas ser fã e integrar um fandom é sinônimo? Não, não é.

Vamos lá, não sou nenhuma perita ou estudiosa no assunto (ainda), mas tenho vasta experiência “de campo” quando o assunto é ser fã (tanto que meu primeiro livro é sobre isso – “Sou fã! E agora?” será lançado na Bienal de São Paulo pela Editora Seguinte. YAY!). Mas desde quando me considero uma fã? Vamos passear numa TARDIS e descobrir:

Primeira experiência como fã: “Jem e as Hologramas”, “Don Drácula” e “Turma da Pesada”. Esses são três desenhos que amo até hoje e os que mais me influenciaram como uma pequena fã. Adorava tudo sobre eles e tenho orgulho de ter um VHS de “Turma da Pesada” até hoje e um DVD do “Don Drácula”. Mas ainda não vi o filme da “Jem” porque estou com medo. Sim, medo, de terem esculhambado a minha infância na década de oitenta.

Fã de seriado: “Barrados no Baile” foi o primeiro que lembro de ter seguido, comprado revistas e ter me apaixonado por tudo que envolvia a série. Fiquei arrasada quando a Brenda foi embora! Mas embora seja fã de “Sherlock”, “Demolidor”, “Vampire Diaries” e “Penny Dreadful” (e muitos outros), o melhor seriado do mundo para mim é e sempre será “Buffy, a Caça-Vampiros”. Sete temporadas de puro girlpower, amizade, sacrifício, angst, humor, lições e muito estilo! VE-NE-RO! E foi com Buffy que senti o meu primeiro impulso de escrever fan fiction, antes mesmo de saber que isso existia!

Fã de filme: Sou MUITO fã de filmes desde sempre e posso mencionar tantos que me encantaram ao longo da minha vida que fica até difícil escolher! Como não vou colocar uma categoria só para Disney, posso dizer aqui que em termos de filme, “Uma Cilada para Roger Rabbit”, “A Bela e a Fera” e “A Pequena Sereia” formam o top três da minha vida de Disneymaníaca! São filmes então pronto! Mas deixa eu mencionar meu verdadeiro herói? Indiana Jones! Adoro Sr. Jones!!! (e o seriado “O Jovem Indiana Jones” também era bárbaro).

Fã de teatro: adoro musicais e várias peças e tenho não uma quedinha, mas um tombo gigapower por Shakespeare, mas quem tomou o meu coração e que domina a minha coleção é “O Fantasma da Ópera”. Eu amo o livro, vi todas as versões cinematográficas e amo de paixão o musical da Broadway (embora a adaptação da peça para o cinema tenha ficado muito aquém do que deveria).

Fã de música: Adoro música, mas sou daquelas que curte músicas aleatórias, trilhas sonora e que nunca sabe o nome da banda. Sou FANZOCA de Evanescence (minha banda preferida), mas posso dizer que a boy band que povoou os meus sonhos de pré-adolescente foi New Kids on the Block. Me julguem. Não me arrependo de nada.

Fã de livro: HO HO HO! Aqui a situação fica teeeeeeensa! A lista de livros e autores favoritos é longa, mas de que eu sou FÃ só uma série me coloca em patamar de apaixonada: “Harry Potter”.

Já deu para notar que sou muito fã de muita coisa, né? Mas integro o fandom disso tudo? NOPE! Só de Harry Potter. Como é isso, Frini? Eu explico.

Quando conheci Harry Potter, o quarto livro – “Cálice de Fogo” – havia sido lançado. Os três seguintes ainda estavam sendo pensados e escritos. Então, quando virei a última página de “Cálice”, me deparei com uma questão muito importante: “como vou sobreviver sem saber o que acontece depois?”.

Aí entrei on-line e descobri sites dedicados a Harry Potter, fóruns de discussão e os falecidos Orkut e Yahoo Groups (não tinha Facebook na época, minha gente!). E mergulhei de cabeça nesse mundo internético onde descobri pessoas reais por trás de avatares e que estavam tão malucas quanto eu para descobrir o que acontecia nos próximos livros.

Aí, depois do primeiro EP – Encontro Potteriano – lá em 2001 mais ou menos, quando conheci pessoalmente vários fãs da série literária, uma sucessão de coisas aconteceu:

– Fiz cosplay

– Descobri e passei a ler e a escrever fanfics

– Fui a eventos potterianos

– Organizei eventos potterianos

– Integrei o podcast Rádio Patrono

– Me apaixonei por fan art (mas sou péssima para desenhar qualquer coisa)

– Criei e compartilhei várias teorias sobre a saga

– Organizei pré-estreias em parceria com a Warner

– Organizei eventos de lançamento dos livros seguintes

– Dei palestras sobre personagens

– Participei dos primeiros fan filmes sobre Harry Potter (feitos pelo meu marido!)

– Participei de reportagens sobre Harry Potter

– Participei do livro “O Destino de Harry Potter”

– Entrei em muitas “tretas” sobre Harry Potter

– Escrevi em uma fanzine sobre Harry Potter

– Entrevistei atores do elenco de Harry Potter

– Traduzi uma expressão do game de “Prisioneiro de Azkaban” para a EA Games

– Fui aos estúdios em Londres e ao parque em Orlando

– Escrevi a coluna “Na Penseira” na revista “Smack!”

– Minha fanfiction “O que o coração deseja” ganhou prêmio na Bienal do Livro do Rio de Janeiro de 2013.

E muito mais!
E o que tudo isso significa? Que não fui apenas uma fã de Harry Potter, mas integrei o fandom potteriano no Brasil.

A diferença é que quando somos fã de algo, gostamos muito, acompanhamos notícias, apreciamos e isso tem sim um impacto na nossa vida. Mas quando participamos de um fandom, somos um coletivo de fãs. A sensação é de integrar uma comunidade, uma família, com todos os ônus e bônus.

Fazer parte do fandom de Harry Potter me ensinou muita coisa e um aprendizado que ficou marcado é que temos voz. O fã tem voz e pode se fazer ser ouvidos.

Nem todo fã participa de um fandom, mas todo fandom é feito por fãs, que fazem dessa experiência algo intenso, vivo e mutante. E que nos marca para uma vida toda.
Vamos falar sobre o impacto do fandom no mercado editorial?

Fui convidada para falar sobre a importância e a influência do fandom no mercado literário em um evento que está rolando na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Iniciativa do selo editorial Lima Barreto (SELB), Mercado editorial: inserção, atuação e análise é voltado a alunos de Letras, mas também a interessados em ingressar e atuar no setor. As inscrições são gratuitas. O evento começou dia 4 e vai até 22 de julho, na UERJ. A realização é do SELB, que divide a organização, curadoria e divulgação com a Punch!.

Confira abaixo sobre a minha participação e clica aqui para ver a programação completa.

A influência do fandom no mercado dos livros

Debatedores: Ana Cristina Rodrigues (Aquário Editorial); Daniel Lameira (Aleph); Frini Georgakopoulos (Clube do Livro Saraiva RJ); Victor Almeida (Arqueiro)

18 de julho (segunda-feira), das 18h às 20h.
Te espero lá!

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