Coluna

Marcadores de livro

Existe toda uma linha de bibliófilos que acha um sacrilégio dobrar páginas ou usar a orelha para se marcar onde se parou a leitura. É a galera que acredita que qualquer mágoa ao livro é um absurdo, são pessoas que usam marcadores. Tenho que confessar que sou um híbrido, na verdade, eu evoluí para um híbrido.

Na minha adolescência, quando me tornei a leitora voraz que sou hoje, era dessas pessoas que sublinhava, escrevia na margem, quebrava a espinha do livro. São poucos os exemplares que sobreviveram aos meus “cuidados” dessa época, quando eu terminava um livro ele estava com cara de que tinha passado na mão de umas cem pessoas. Com o passar do tempo e a vontade de releitura descobri que toda aquela loucura que deixei nas páginas me confundiam e não ajudavam em nada.

Passei a não poluir as páginas e continuava usando orelha e até dobrando os cantos para marcar. Acho que foi só quando me dediquei a ler “E o Vento Levou” que comecei a usar marcadores de livro, a orelha não sustentava as mais de mil páginas. Usava qualquer coisa para marcar a página, conta, cartão telefônico, boletim do colégio, guardanapo, era o que estivesse a mão. Daí foi um passo para apreciar o mundo do dos marcadores e adquirir um hábito literário que me segue até hoje: cada livro lido, ao voltar para a estante, ganha dentro dele um marcador. Mesmo tendo adquirido o saudável hábito de usar marcadores continuo dobrando a orelha das paginas para marcar citações que depois quero revisitar, mesmo assim quando termino um livro ele parece novo e intocado.

Não posso dizer que tenho uma coleção de marcadores, tenho é uma caneca cheia deles e vou pegando a esmo cada vez que começo a ler. Sou uma pessoa de hábitos e com isso tenho todo um amor pelos marcadores da livraria Timbre, eles tem o tamanho certo para todos os tamanhos de livro, sou aquela cliente que pega um bolinho de marcadores a cada compra. Os marcadores que fizemos aqui para o blog, todas as versões eu tenho um pouco de pena de usar, tenho só um exemplar de cada e meu espírito de alguém que trabalha em um arquivo faz com que os guarde como acervo e não para uso.

Tenho uns marcadores que comprei ao longo da vida de que tenho um certo ciúme e que só uso em livros que não saem de casa, tenho marcadores que ganhei de amigos, que peguei em ocasiões especiais, tenho até um dos 80 anos da minha avó. Vou guardando todos eles com cuidado e usando a cada leitura.

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