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Master of Sex – Primeira Temporada

Pesquisa médica sobre sexualidade parece não ser um bom tema para um seriado, mas o canal americano Showtime transformou a história de William Masters (Michael Sheen) e Virginia Johnson (Lizzy Caplan) em uma ótima historia.

Adaptação de Michelle Ashford, o seriado é baseado no livro “Masters of Sex: The Life and Times of William Masters and Virginia Johnson, the Couple Who Taught America How to Love” — e baseado é a melhor forma de colocar mesmo, não é uma adaptação. — Na melhor das hipóteses, os roteiristas pegaram uma historia que envolve pesquisa científica e sexo e mexeram para fazê-la uma narrativa envolvente. Não espere fatos históricos corretos ou de sair de um episódio sabendo sobre a vida de Masters e Johnson – os personagens podem ter seus nomes e até trabalhar na pesquisa, mas o que a TV mostra está longe do que aconteceu.

Depois desse alerta sobre a não relação entre realidade e ficção vamos à primeira temporada. William Masters é um famoso e respeitado ginecologista que quer estudar as reações do corpo durante o sexo. Virginia Johnson é uma cantora que depois de se separar busca um emprego mais estável para sustentar os dois filhos. Masters contrata Johnson como secretária e começa uma parceria que mudaria os estudos sobre sexologia.

A primeira temporada abrange mais do que só o início da pesquisa, é um retrato dos costumes da época. A pesquisa é realizada em Saint Louis, ou seja, longe dos grandes centros, e estamos falando dos Estados Unidos no final da década de 1950.

Essa primeira temporada mostra as dificuldade de se falar sobre sexo, os tabus que existem até hoje, e como o desconhecimento sobre o tema afeta as pessoas. Uma cena é um caso real contado por Masters, e mostra um jovem casal que quer engravidar e estão casados há meses. Durante a entrevista com o médico, ele descobre que eles apenas dormem um ao lado do outro, que nunca fizeram sexo e nem sabem como.

Dentro do tema tabus sobre sexualidade, um casal — totalmente fictício — que se destaca são os Scully. Barton (Beau Bridges) é o reitor da universidade onde a pesquisa é feita, ele é gay e, apesar de buscar o serviço de michês, não se assume e quer se “curar”. Ele é casado com Margaret (Allison Janney), uma mulher que nunca teve um orgasmo e que desconhece a situação do marido. Janney tem pelo menos duas cenas sensacionais nessa temporada. O momento em que ela descobre que não pode participar da pesquisa é uma aula de atuação, tanto que lhe valeu o Emmy de melhor atriz convidada.

Um dos temas melhor explorados pela série é a situação da mulher. Virginia é fundamental para a pesquisa; sua falta de qualificação formal não é um empecilho para que Masters coloque seu nome na pesquisa. Masters é em muitos sentidos um homem do seu tempo, mas quando fala da pesquisa está a frente, e isso se reflete na relação com Virginia, principalmente na pesquisa. O contraponto de Virginia é Libby Masters (Caitlin Fitzgerald), mulher de William, uma dona de casa que não consegue entrar no mundo do marido e só quer formar uma família. A relação entre os três é um dos poucos casos em que a realidade é bem mais dramática e interessante do que a ficção.

A primeira temporada é um retrato de época como Mad Men, com uma narrativa sobre tabus — alguns deles ainda vigentes —, e a construção do relacionamento entre dois importantes pesquisadores. Isso tudo conduzido por duas boas interpretações, Michael Sheen e Lizzy Caplan, sustentam o seriado com maestria.

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