Livros Resenhas

Meu Ano de Descanso e Relaxamento

Esse é um dos raros livros que peguei para ler sem saber absolutamente nada sobre. Sou dessas que obedece os livreiros amigos, quando uma delas fala “você tem que ler isso aqui” o livro vai para a pilha de compras sem muito debate ou informação. “Meu Ano de Descanso e Relaxamento” de Ottessa Moshfegh (tradução de Juliana Cunha) faz parte dos livros que me seguiram até em casa quando fui fazer minhas compras de Natal. Foi o livro da vez pelo simples motivo de estar no alto da pilha, não era lá o melhor momento para lê-lo, mas segui em frente dentro de todo o vazio que ele questiona.

Ottessa não nomeia sua protagonista, apenas diz que ela é linda sem fazer nenhum esforço, que tem uma herança que lhe permite não fazer nada e mesmo assim manter um alto padrão de vida, que trabalha poucas horas em uma galeria de arte e, o principal, é consumida por um grande vazio. Contado em primeira pessoa a protagonista tem como objetivo dormir por um ano, acredita que a inconsciência por esse período a fará acordar uma nova pessoa, capaz de lidar com   o mundo e, em particular, com a recente morte dos pais.

A protagonista é uma anti-heroína com um olhar sarcástico para o que a rodeia sendo o principal alvo sua amiga Riva, uma constante durante todo o livro. A dedicação de Riva a narradora é questionada a cada aparição, suas considerações ácidas sobre a amiga permeiam todo o livro mesmo quando Riva não está presente e ao mesmo tempo sob efeitos de fortes remédio e quase inconsciente ela se faz presente na vida da amiga nos momentos necessários. É uma relação complexa que se desenvolve entre lapsos medicamentosos.

Todas as drogas usadas pela protagonista são licitas, prescritas por uma médica que não tem qualquer importância na história. A jovem loira que, aparentemente, tem tudo para ser feliz e viver uma vida plena, daquelas de filmes e seriados, é consumida pelo nada. É incapaz de achar algo que lhe motive, que a faça querer mais do que apenas dormir, sumir do mundo, perder a consciência. A luta incessante por não ter que lidar como mundo, seja o externo ou o que ela carrega dentro de si, parece uma crítica a uma juventude endinheirada e incensada, mas o final relativamente feliz me faz dizer que é apenas um livro que chega ao meio do caminho e volta uns passos no mesmo vazio que tenta questionar.

Ottessa Moshfegh escreve muito bem e o livro é envolvente só não leva a lugar algum além de apontar que privilégios não levam a felicidade e que pessoas que aparentam ter tudo podem, no fundo, ser nada. Criticas que existem desde que o mundo é mundo.      

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