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O Corcunda de Notre-Dame

A Catedral de Notre-Dame em Paris levou quase dois séculos para ser construída, entre os Séculos XII e XIV. Infelizmente, no dia 15 de abril de 2019 (última segunda-feira), um incêndio destruiu grande parte deste patrimônio histórico, um dos maiores símbolos da arquitetura gótica. Também cenário para um dos livros mais famosos da literatura gótica francesa: O Corcunda de Notre-Dame de Victor Hugo.

A obra de Victor Hugo, publicada em 1831, tornou a bela catedral famosa em todo o mundo. Esse era o intuito do autor, apaixonado por suas formas e pela arquitetura gótica que estava sendo menosprezada na época. Curiosamente, a intenção do autor foi enaltecer a bela arquitetura já que toda a história, que se passa no Século XV (1482), acontece na Ile de La Cité, onde está localizada a Notre-Dame e onde nasceu Paris.  

Originalmente em francês o título do livro é Notre-Dame de Paris, uma alusão tanto a catedral, que serve de cenário para boa parte da história, como a cigana Esmeralda, verdadeiro personagem principal da trama. Com a publicação da edição em inglês o tradutor, Frederic Shoberl, decidiu destacar o personagem Quasimodo com o título The Hunchback of Notre Dame (O Corcunda de Notre-Dame), já transmitindo a ideia de ser uma obra de literatura gótica.

Mais famosos por ser um autor romântico, Victor Hugo acabou construindo uma história trágica com todos os elementos da literatura romântica que conseguia transitar muito bem pelo gótico. Ter a suntuosidade sombria da Catedral de Notre-Dame como cenário e inspiração ajudou muito. Sua famosa história mistura romance, tragédia, trama política e preconceito religioso.

Na Paris do Rei Luis XI, a cigana Esmeralda encanta todos os homens a sua volta, entre eles o Diácono Claude Frollo. Frollo sabe que seu desejo por Esmeralda é errado, mas, mesmo assim, pede que Quasimodo, o corcunda que cuida do sino da Catedral de Notre-Dame, sequestre a cigana para ele. Porém, o capitão da guarda, Phebo, salva Esmeralda e prende Quasimodo. Ao mesmo tempo, o poeta Pierre Gringoire, que tentou ajudar Esmeralda, é confundido pelo povo cigano e sentenciado a morte por eles, por acharem que ele que sequestrou Esmeralda. Sabendo da verdade, Esmeralda aceita se casar com Gingoire, para salvá-lo da forca. No dia seguinte, Quasimodo é sentenciado a ser chicoteado em praça pública, na frente da Catedral, onde ninguém deve ajudá-lo de qualquer forma. Mas Esmeralda leva água para ele. A partir desse ponto da história, Esmeralda vira o objeto de desejo de todos os personagens masculinos do livro, desde Frollo, passando por Phebo, até Quasimodo. Para que não saibam de sua corrupção, o diácono transforma Esmeralda na vilã de sua história como forma de se livrar da tentação. O pobre corcunda é apenas um peão na mão do diácono, mas ele percebe a tempo e tenta fazer o bem, levando Esmeralda para dentro da Catedral por saber que pela Lei do Santuário ela não poderia ser presa dentro de um lugar sagrado. Infelizmente, o fim é trágico para todos.

Victor Hugo sempre soube desnudar a alma humana, mostrar que a bondade acaba sendo corrompida e que o verdadeiro amor sempre tem um fim trágico, todas características da literatura romântica da época. Mas Hugo também sempre foi um grande crítico social, ao mostrar o lado feio da sociedade parisiense, principalmente no século XIX, pós Revolução Francesa. Sua trágica história sobre o corcunda e a bela Esmeralda, apesar de acontecer no fim da Idade Média, é tão atual, que inspirou inúmero filmes.

Desde o belo curta, Esmeralda, da diretora Alice Guy-Blaché, de 1905, primórdio do cinema, passando pela adaptação mais famosa, “O Corcunda de Notre-Dame”, de 1939 dirigida por William Dieterle, com a inesquecível atuação de Charles Laughton como Quasimodo (caracterização que ilustra esse post) e Maureen O’Hara como Esmeralda. Até a animação da Disney, de 1996, que na verdade funciona mais como uma homenagem ao personagem do que chega a ser de fato uma adaptação.

Relembrar, hoje, esse clássico da literatura mundial, O Corcunda de Notre-Dame, é a forma que nós aqui do Cheiro de Livro encontramos para homenagear esse tão importante monumento arquitetônico que é a Catedral de Notre-Dame, que temos esperança que irá se reerguer das cinzas, mas que permanece intacta em sua majestade nas páginas eternas de Victor Hugo.

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