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O Homem que Amava os Cachorros

homem

Leonardo Padura faz um grande romance histórico sobre o assassinato de Trotski

A versão simplificada de sobre o que fala o ótimo livro “O Homem que Amava os Cachorros”, de Leonardo Padura, é que se trata de um romance histórico sobre o assassinato de Leon Trotski. A linha mestra que costura o livro é o assassinato do famoso comunista, mas o livro é bem mais do que isso, fala sobre poder, medo e uma disputa ideológica que permeou todo o século passado.

O romance e dividido em três linhas narrativas, a de Ramon Mercader, o assassino de Trotski, a do próprio Trotski e a de Ivan, o escritor que tropeça na historia do assassinato em Cuba e passa décadas até escreve-la. Essa divisão cria suspense e antecipa acontecimentos deixando a leitura ainda mais viciante. Os capítulos de Mercader e Trotski são, muitas vezes, intercalados com os de Ivan que mostra as dificuldades em Cuba, a consequência do medo institucionalizado, a consequência de toda a disputa que é retratada no restante do livro.

Durante as quase 600 paginas acompanhamos como foi urdido o plano de assassinato de Trotski, foram três anos de plano até chegar a marretada fatal. Acompanhamos todo o exílio do líder comunista e seu isolamento cada vez maior pelo mundo. O caminho paralelo entre algoz e vítima, cada um com sua crença, cada um senhor e vítima do próprio destino. Ver como o agente de um assassinato é forjado, com o ódio é alimentado até levar alguém a eliminar outra pessoa é interessantíssimo. Ver o isolamento e a constante luta de um homem tentando defender sua historia, suas ideias é igualmente fascinante.

Se essa fosse uma historia criada para mostrar as divisões da esquerda na primeira metade do século XX já seria um bom livro, mas é um romance de um acontecimento real. Mostra as violências feitas em nome do poder, a esperança e a decepção da Guerra Civil Espanhola, os processos de Moscou e o expurgos de antigos lideres e, finalmente, o inicio da Segunda Guerra. Essa é a parte da historia mais remota do livro, a mais recente é mais dura, é o medo que existia em Cuba, o desconhecimento do que ocorria a sua volta nas décadas de 70 e 80. Mostra como o embargo e a exclusão de um país é destruidor para a sua população.

Padura desenvolve a narrativa com maestria, sua escrita é envolvente e, mesmo que seus conhecimentos sobre a União Soviética na primeira metade do século XX seja limitada, a historia flui com facilidade, levanta questões tão atuais sobre poder, é dos livros que ficam com você depois de se chegar a ultima pagina. Uma leitura mais que recomendada.

Tenho que dizer que meu conhecimento sobre a historia de Trotski se limitava a saber que ele foi muito importante na revolução Russa e que quando Stalin subiu ao poder ele caiu em desgraça. Meu conhecimento sobre o governo de Stalin também são limitados, sei mais, e isso não é muito, sobre a participação da União Soviética na segunda guerra do que do governo stalinista em si. Tendo isso em vista apanhei um pouco desse livro, não que ter um conhecimento prévio dos acontecimentos seja essencial para o entendimento, mas que me ajudaria a compreender e apreciar mais o livro, isso ajudaria. Esse desconhecimento me fez botar na lista de livros para ler muita coisa sobre a Revolução Russa, Trotski e Stalin. Livros sempre levam a mais livros e ótimas historias levam a mais conhecimento, sempre.

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SaraivaTravessa

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