Filme

O Retorno de Mary Poppins

 

Mary Poppins, de 1964, encanta até hoje porque consegue transportar todo mundo para o mundo de magia criado pela adorável babá, para poder ajudar as crianças Banks a entenderem as razões que fazem seu pai ser como é, sério e completamente comprometido com o trabalho. Por mais que Poppins tenha sido levada à casa para cuidar de Jane e Michael, seu papel é apenas mostrar que a vida pode ser leve, cheia de alegria, música e pouquinho de magia. Por isso que até hoje revemos o clássico e nos encantamos, porque é impossível não sentir alegria quando o filme acaba, e esquecer os problemas por um pouco mais de duas horas.

 

E então que chegamos a 2018. O mundo parece ter enlouquecido de uma forma bem ruim, o que faz com que passamos a torcer para o vento mudar, soprar bem forte e trazer a adorável mágica babá pelo seu guarda-chuva direto para dentro de nossas casas, com música, alegria e magia. Foi então que Rob Marshall ouviu nossas preces e O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Return, EUA, 2018) chegou aos cinemas. Marshall, o responsável pela adaptação de grandes musicais para o cinema, como “Chicago”, entendeu perfeitamente o que ele precisava mostrar dessa vez, com um pouco mais de conflitos para as crianças e adultos dos dias atuais e conseguiu repetir o sentimento do primeiro filme com muita competência.

 

Emily Blunt e Lin-Manuel Miranda são tão graciosos e maravilhosos quanto Julie Andrews e Dick Van Dyke (que faz uma participação especial no novo filme). Blunt repete o papel de Andrews mas Lin-Manuel faz Jack, um acendedor de lampião na Londres de 1935. São tempos difíceis, Jane (Emily Mortimer) e Michael (Ben Whishaw) cresceram, o país passa por uma crise além de todo o clima ruim que acontece pela Europa naquela época. A esposa de Michael faleceu a pouco tempo, o deixando sozinho para cuidar da antiga casa de seus pais e de seus três filhos: Annabel, John e Georgie. Que ao contrário de Michael e Jane, precisam lidar com a realidade de forma crua, já que a toda hora trazem o pai para a realidade. Uma inversão de papeis em relação ao primeiro filme. Poppins volta para mais uma vez ajudar a família Banks. Dessa vez, além de precisarem recuperar a alegria, precisam salvar a casa que moram do inescrupuloso presidente do banco, William Wilkins (Colin Firth).

 

Esse cenário de fundo, bem mais sombrio que o do primeiro filme, é uma bela alegoria para o mundo que vivemos atualmente. Dessa forma a força de Mary Poppins é mais forte para o público, principalmente para aqueles que já a conhecem. Mas esse segundo filme funciona exatamente como primeiro, envolto em magia, música e alegria, com números musicais inesquecíveis, que homenageiam o filme original, sem serem entediantes ou repetitivos. Emily Blunt é tão adorável quanto Andrews, e apesar de toda a tecnologia que temos atualmente, o filme consegue mais uma vez misturar live action com animação em um dos melhores números musicais de toda a produção. Tudo lembra o filme antigo mas de uma forma moderna que não entra em conflito com o clima do filme e da década em que a história acontece. Novamente Mary Poppins vem para nos salvar, encantar e fazer esquecer os problemas por um pouco mais de duas horas. Em tempos turbulentos, esse é um presente merecido que devemos nos dar e lembrar que mesmo em tempos sombrios não podemos perder a ternura.

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