O trabalho de um ator substituto é ingrato. Ele só vai brilhar no palco caso aconteça algo com a estrela da peça. Esse é o trabalho do protagonista do livro “O Substituto” de David Nicholls. Para piorar um pouco a vida do protagonista ele se chama Stephen McQueen, um homônimo do ator americano, e tem como trabalho substituir uma estrela ascendente inglesa, um dos homens mais sexys do mundo, que tem uma saúde de ferro.
É no universo derrotista de Steve quem transitamos pela historia. Steve vive esperando a sua grande chance de brilhar, mas já começa a duvidar que um dia sairá das pequenas pontas em seriados de tv para o estrelato. O tema “as coisas nunca acontecem como planejamos” é recorrente na obra de Nicholls e aqui a derrota é um pouco maior que nos dois livros anteriores (Um dia e Resposta Certa), mas tem um ar mais esperançoso.
Josh Harper é a estrela em ascensão que adora dinheiro e fama, é vaidoso e logo no começo do livro se mostra um personagem babaca. Steve é o cara que quer ser legal, mas a bebida e o final do casamento atrapalham um pouco esse seu caminho. Entre a peça e um acordo indecoroso o que une os dois atores é Norah, mulher de Josh por que Steve se apaixona.
O romance entre Norah e Steve não é tão bem construído como nos romances anteriores de Nicholls, mas no final ele até conseguiu me convencer que eles tinham uma chance. A historia toda do livro tem esse mesmo problema: é boa mas falta alguma coisa. Algo que está presente nos outros romances de Nicholls, uma construção melhor do romance ou um antagonista menos caricato.
“O Substituto” é o mais fraco dos três romances que li de Nicholls. É a primeira vez que ele começa um livro falando de adultos, nos dois outros o leitor acompanha uma trajetória que começa nos vinte e poucos anos. Aqui são adultos, já desiludidos ou não com o que aconteceu e deixou de acontecer em suas vidas. É uma leitura apenas mediana.
