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Outlander

Sou dessas que lê o livro e vê a série, não necessariamente nessa ordem. “Outlander” entrou no meu radar por causa da adaptação do canal americano Starz, fui ler o livro porque não gostei da série e meu coração bate por uma viagem no tempo.

Diana Gabaldon criou uma série de livros com uma premissa simples: uma enfermeira da segunda guerra mundial, Claire, presencia uma cerimônia pagã e quando toca em uma das pedras do local da cerimônia é lançada para a Escócia em 1745, duzentos anos antes do seu tempo. A ideia é boa mas a execução nem tanto.

Para você que está acompanhando a série tenho avisar que se continuar lendo se deparará com muitos spoilers. A primeira parte da temporada de estreia é somente um terço do livro. Agora que estão todos avisados, vamos a resenha.

Claire é casada com Frank em 1945, eles passaram boa parte do casamento deles separados pela guerra. Ele trabalhava na área de inteligência e ela era enfermeira na frente de batalha. O casamento deles é ótimo e Frank é um ótimo marido. A pequena construção que se faz de Claire no presente é que ela é uma mulher independente e decidida.

Quando nossa mocinha é lançada em meio as articulações para a Revolta Jacobina ela conhece Jamie. Jamie é o homem dos sonhos. Ruivo, compreensivo, bonito, jovem, musculoso e inocente. Por uma serie de tramas ele e Claire são obrigados a se casar. E é nesse momento que o livro começa a desandar. Antes já era difícil de engolir todo mundo em 1745 achar que uma mulher letrada na região rural da Escócia é super comum, mas era algo que ainda era possível relevar.

O livro tem, pelo menos, dois momentos bem polêmicos que duvido que sejam aproveitados na série de tv. Jamie bate em Claire, existe um capitulo inteiro de justificativa para isso, e, de certa forma, faz sentido na realidade de 1745. O segundo é bem mais sério. Randall é apaixonado por Jamie e em dado momento o estupra. É uma situação importante para o terço final do livro e bem construída.

A história tem tantas idas e vindas, Jack Randall toda a hora surge do nada em todos os lugares para infernizar o casal de protagonistas que é até difícil dizer qual é o mais implausível. Mesmo com todas essas reviravoltas muitas das surpresas são bastante obvias. A principal delas é Claire ser julgada por bruxaria, conhecimento em excesso sobre doenças fazia isso com as mulheres no século XVII. Nada de novo ou surpreendente.

É entre Claire ser capturada por Randall e julgada como bruxa que se percebe uma mudança total na personalidade da personagem. Claire, a mulher independente de 1945, torna-se uma donzela desamparada em 1745. Passa a chorar por tudo, incapaz de enfrentar grandes debates e situações mais tensas. Mais para o final do livro, quando tem que salvar Jamie da morte, Claire volta a ser a personagem forte de antes e participa de uma fuga rocambolesca, só para depois voltar a ser uma donzela em perigo.

Se já não bastasse a mudança de personalidade o livro tem sérios problemas de ritmo. Cenas tensas e emocionantes são cortadas por parágrafos que nada acrescentam de Claire analisando a situação. O efeito é péssimo, mais ou menos o mesmo efeito dos infindáveis monólogos em off dela na série. O livro tem quase 800 páginas e fiquei com a impressão de que com uma boa editora ele poderia perder, pelo menos, um terço delas sem nenhum prejuízo para a historia.

No quesito viagem no tempo tem um elemento que me incomoda demais. A ideia de que o tempo continua andando em 1945. Se toda a ação se passa no passado não existe lógica que faça o tempo andar no presente. Claire pode passar anos no passado e voltar no mesmo instante em que desapareceu em 1945. O tempo só anda no passado, no presente ele continua o mesmo. Regra básica de viagem no tempo.

“Outlander” é o caso de um livro com um bom plot e um personagem apaixonante (Jamie) e que deixa a desejar. A construção de personagens não é das melhores, o ritmo deixa a desejar, Claire é uma personagem que muda de personalidade. Foi um esforço terminar de lê-lo e ao mesmo tempo teve momentos bons. É um livro irregular, mas tem o Jamie.

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