“Pequeno Irmão” é um livro de 2008, mas é uma leitura mais atual do que nunca, ainda mais com os dez anos dos atentados de 11 de setembro se aproximando. Cory Doctorow fala sobre liberdade, a luta por ela, o medo , terrorismo e, principalmente, como a tecnologia pode ser utilizada para manter seus direitos.
Marcus é um jovem de 17 anos que logo após um grande atentado na cidade de São Francisco é preso e torturado pelo Serviço de Segurança Nacional. Essa experiência somada ao fato da cidade se tornar território do medo, não o medo do terrorismo e sim o medo das autoridades, levam Marcus a começar sua pequena rebelião.
A história é repleta de explicações matemáticas e tecnológicas para o que Marcus está fazendo e elaborando. Não é nada que seja inteligível. Os conceitos até podem ser complexos mas são explicados de forma fácil e assim é possível acompanhar toda a trajetória e luta de um grupo de adolescentes contra o Serviço de Segurança Nacional.
O mais terrível do livro é que mesmo ele sendo uma alegoria da realidade, ele está mais próximo do que se viveu nos anos pós 11 de setembro do que se pode imaginar. Guantanamo e Abu Ghraib são só dois casos conhecidos onde o governo dos EUA simplesmente suspenderam os direitos dos detidos e os torturaram em nome da segurança nacional. Viajar de avião nunca mais foi a mesma coisa, a segurança nos aeroportos ficaram cada vez mais rígidas e mais paranoicas. Gosto de comparar a reação dos americanos depois dos ataques a Nova York a dos ingleses depois do ataque a Londres. Os americanos queriam sangue e demoraram meses para voltar a sua rotina. Os londrinos foram para a rua no dia seguinte afirmando que ninguém mudaria a sua rotina, essa era a resistência deles. Mesmo com essa determinação inglesa a polícia cometeu arbitrariedades, uma delas matou o brasileiro Jean Charles.
A história é empolgante. Ver as possibilidades da tecnologia, a luta pela liberdade, os efeitos do terrorismo nas pessoas, está tudo nas páginas. Adorei a leitura mesmo achando que ele acaba repentinamente, achei que todo o processo poderia ser mais elaborado. Queria ver mais Marcus com Darryl, as mudanças na escola, enfim como tudo evoluiu depois de toda a luta.
“Pequeno Irmão” mais do que apenas uma boa leitura é uma leitura importante. É um grande manifesto que deveria ter como lema a frase de Thomas Jefferson “Aquele que troca liberdade por segurança não merece nem a liberdade nem a segurança”.
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