Livros

Possessão – A. S. Byatt

E se um jovem pesquisador desavisado topasse com evidências que levam à descoberta de um segredo guardado por mais de 100 anos? Essa é a premissa de Possessão, obra vencedora do Prêmio Man Booker em 1990 da inglesa A. S Byatt. 

O livro se passa na década de 1980 e tem como protagonistas Roland Mitchell, um acadêmico desconhecido, e Maud Bailey, uma estudiosa de renome na literatura feminista. Durante suas pesquisas, Roland se depara com uma possível conexão entre o aclamado poeta vitoriano Randolph Henry Ash e Christabel LaMotte, uma poeta menos conhecida da mesma época na qual Maud é especialista e com quem tem um parentesco distante. Juntos Roland e Maud partem em uma busca desenfreada por pistas em poemas, cartas e lugares, ressignificando tudo o que sabiam sobre seus objetos de estudo. Pouco a pouco desvendam o crescente envolvimento entre o famoso poeta casado e a obscura poeta lésbica com que a academia sequer poderia sonhar. 

Acompanhamos de perto a busca dos pesquisadores por poemas épicos, cartas, trechos de diários e até capítulos de biografias fictícios – todos criados por Byatt. Há uma quantidade realmente impressionante de poemas escritos pela própria autora, tão bem construídos que poderiam perfeitamente se passar por poemas vitorianos. Há também referências a pessoas reais como a poeta americana Emily Dickinson. 

O livro explora questões como amor romântico, sexualidade, espiritualidade, papel da mulher na sociedade patriarcal, construção de narrativa e a própria natureza da literatura. E propõe uma discussão interessantíssima sobre o direito à privacidade e a influência da vida do autor na sua obra. Se alguém se preocupou em guardar um segredo por tanto tempo, seria realmente correto revelá-lo?


Possessão é um romance extremamente bem escrito e construído. É uma obra de arte em si mesmo. Daqueles livros que ficam conosco durante muito tempo após a leitura.

OBS: O livro teve uma adaptação para o cinema em 2002 que vale apenas por Jeremy Northam e Jennifer Ehle nos papéis dos poetas vitorianos.

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