Clube do livro

Sherlock no Clube do Livro Saraiva

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Como o personagem mais adaptado da literatura mundial se mantém atual?

Faz mais ou menos um ano que tento montar uma edição sobre Sherlock Holmes no Clube do Livro Saraiva e fico feliz de finalmente ter feito isso em setembro. Li, pesquisei e refleti muito sobre o trabalho de Arthur Conan Doyle, sobre como deve ter sido criar Sherlock Holmes, o detetive que viria a se tornar o personagem mais adaptado da literatura mundial. Estudei o contexto do personagem na época de seu surgimento e pensei em razões para explicar como, 128 anos depois do lançamento de “Um Estudo em Vermelho”, Sherlock ainda se mantém atual.

Cheguei a algumas conclusões que dividi com a galera do Clube e uma delas foi que Sherlock Holmes é o futuro. Não importa o presente, ele é sempre o futuro, o “fora da caixa” o “adiante”. Como percebemos Holmes tem conexão direta com o que pensamos como sociedade no nosso tempo. Em 1886, quando Sherlock surgiu, o conhecimento não estava na palma da mão como está hoje, em uma pequena tela com o guru “Google” nos dizendo tudo. Não, o mundo era bem diferente e ter Holmes como um detetive que faz conexões além do óbvio, que utiliza métodos que mais tarde seria a nossa perícia, o fazia diferente, único. Hoje em dia, temos acesso a infinitos recursos, mas Holmes se mantém atual porque ele continua sendo o cara mais inteligente. Ele não só curte, comenta e compartilha. Ele USA o conhecimento, ele faz conexões, referências. E mostra, mais uma vez, que conhecimento é apenas informação se não o souber usar.

Ao ler, senti que Sherlock Holmes precisa sempre se provar, sempre ter alguém próximo que diga “você é brilhante!” e que o faça sentir útil e único. Nesse aspecto, somos todos Sherlock Holmes. O que é nossa “filosofia de Facebook” senão exatamente isso: a busca por aceitação, por confirmação que fazemos a diferença?

Mas Sherlock também é visto como sendo arrogante e precisa de um “porto seguro” para não virar um vilão. E este é o médico e narrador das histórias, John Watson. Particularmente, sou mais fã de Watson do que de Holmes! É preciso muito caráter e segurança para ser amigo de alguém como Holmes sem enlouquecer. Watson é a bússola moral dele, é o cara que diz “menos, Holmes, menos”, é quem o mantém humano. Watson é o amigo que, ao publicarmos algo incrível no Facebook, ele curte e comenta de coração, ou puxa nossa orelha quando perdemos a noção.

Há quem diga que rola romance entre os dois – ou que poderia rolar. Eu acredito que homens são extremamente práticos e leais um ao outro. E é isso que acontece entre Holmes e Watson: lealdade e amizade. São cumplices e se completam e não precisa ter romance. Mas se quiser que tenha, caro leitor, interpreta do seu jeito e seja feliz!

Pode parecer meio medíocre comparar a Inglaterra de Sherlock Holmes ao Facebook de hoje em dia, mas acho que é exatamente isso que torna o detetive tão atual. Por mais distante que pareça ser ou estar, Holmes pode ser adaptado para a nossa realidade porque ele e Watson formam o reflexo da nossa sociedade que, por sua vez, está sempre mudando.

Foi muito bom conversar sobre Sherlock Holmes e seu criador, Arthur Conan Doyle, que como médico era ótimo autor. Foi ótimo dividir a paixão por Holmes com os leitores, que opinaram sobre temas que coloquei em pauta, dividiram suas experiências com os livros, filmes e seriados de TV, e alguns perguntaram como começar a ler Sherlock Holmes. Porque é isso que o Clube do Livro Saraiva é: uma porta de descoberta e de debate sobre literatura.

Uma aluna da PUC até filmou o Clube para ajudá-la a escrever seu artigo acadêmico sobre o tema. Chique, né?

Para quem quiser participar do Clube do Livro Saraiva, fique de olho em www.facebook.com/clubedolivrosaraivarj

 

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