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Stan Lee (1922 – 2018)

Stanley Lieber é um dos escritores mais lidos de todos os tempos. E curiosamente a virada para ele veio quando desistiu de vez de ser escritor sério, para se dedicar aos quadrinhos. Inventou (com alguma ajuda) personagens que acenderam a imaginação de milhões no mundo inteiro, e que hoje se tornaram uma indústria bilionária.

Ele começou de baixo. Graças a um tio, conseguiu um emprego de contínuo na Timely Comics (que depois viraria Marvel), quase ao mesmo tempo em que a editora lançava o Capitão América (um dos poucos não criados por Lee). Logo se tornou editor e escritor.

Mas a grande virada veio nos anos 1960. A indústria de quadrinhos, cercada por uma onda de censura, havia estagnado. O dono da editora pediu que ele criasse um grupo de super-heróis, o que vinha dando certo pra DC com a Liga da Justiça. Mas Stan Lee pensava em largar tudo e se tornar um escritor “sério”. Foi a mulher, Joan (falecida ano passado) que o convenceu a fazer uma última tentativa, criando heróis diferentes das fórmulas consagradas. E veio o Quarteto Fantástico.

A grande novidade eram os heróis com problemas, com quem os leitores podiam se identificar. Não eram perfeitos, inflexíveis. Cometiam erros, brigavam entre si, eram incompreendidos. Como qualquer adolescente.

Depois do Quarteto Fantástico, vieram o Íncrivel Hulk, Homem de Ferro, Thor, Homem-Aranha, X-Men, Vingadores, Quarteto Fantástico, Pantera Negra…

Lee teve muita ajuda de desenhistas como Jack Kirby e Steve Ditko (que faleceu em julho). Também desentendeu-se com eles, principalmente na hora de compartilhar os créditos. Criou um método de trabalho que permitia publicar histórias em massa: dava aos desenhistas apenas um esboço da história, e os deixava à vontade para desenvolver. Depois, vinha e escrevia os diálogos e legendas. Por isso tem muita gente que dá mais peso à contribuição dos artistas. Mas o ímpeto estava todo em Stan Lee. Outro grande mérito dele foi o de cultivar a base de fãs. Respondia às cartas dos leitores, incentivava os fã-clubes, e gostava de mostrar os bastidores da editora, criando uma ligação afetiva entre os leitores e roteiristas e desenhistas.

Minha identificação pessoal começou com o Homem-Aranha. Era um nerd apaixonado por ciência. Não que tenha sofrido tanto bullying quanto o pobre Peter Parker, mas também não estava exatamente da turma mais popular do Flash Thompson. Cheguei a ter uma fase de criar meus próprios heróis e desenhar meus quadrinhos – sempre nos moldes da Marvel.

Ele deixa um legado, acima de tudo, de imaginação.

Com ele aprendemos que famílias brigam, mas quando importa se unem pelo bem comum. Aprendemos a importância do sacrifício e do altruísmo. A lutar até o fim e nunca desistir. Aprendemos a aceitar e não perseguir quem é diferente. Aprendemos que uma vítima de bullying tem sentimentos e pode ser um grande amigo. A lutar contra todas as formas de tirania. Aprendemos que com grande poder vem grande responsabilidade.

Tem tanto mais que eu poderia escrever aqui. Mas queria na verdade apenas agradecer por tanta imaginação, tantos sonhos e aventuras que vivi com os personagens de Stan Lee.

Excelsior!

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