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Terceira Voz

Quando peguei o livro Terceira Voz, de Cilla e Rolf Börjlind, para ler, estava com a expectativa bem alta por causa de outros romances suecos que li, como a trilogia “Millenium”, de Stieg Larsson, e o maravilhoso “Deixe Ela Entrar”, de John Ajvide Lindqvist, ambos inovadores na forma de narrar a história e com uma construção muito boa de personagens. Infelizmente essa não é a realidade de Terceira Voz, lançado no Brasil pela editora Rocco e com tradução de Maira Parula.

Esse é um romance policial, escrito em 2013 que parece que parou no meio da década de 1990. Os personagens são muito clichês e não empolgam. Mesmo esse sendo o segundo livro que envolve esses personagens, os autores insistem em explicar o passado de cada um deles. Entendo que é importante essa explicação para aqueles (assim como eu) que só leram o segundo romance, mas não precisa passar mais da metade do livro fazendo isso.

Terceira Voz parte de dois assassinatos, um Estocolmo de um fiscal da alfândega que é encontrado enforcado em casa, por sua filha única de 14 anos. Outro que acontece em Marselha, de uma mulher cega que foi esquartejada. Os dois assassinatos unem a policial Olivia Rönning, que agora chama-se Olivia Rivera, e o ex-policial Tom Stilton. Olivia acabou de descobrir seu passado e pensa em se afastar da polícia, apesar de recém formada na Academia e Stilton também ainda se recupera do que lhe aconteceu, quando se envolve com o caso do assassinato da mulher cega.

Cilla e Rolf Börjlind começam uma história interessante mas se perdem em detalhes e não conseguem sustentar o suspense, transformando a história em drama e com nenhum apelo. Tanto Olivia quanto Tom são clichês de vários personagens que já vimos em várias séries policiais medianas. Olivia é nova, bonita, tem uma origem exótica, sem muita vaidade mas chama atenção dos homens por onde passa. Todas as outras mulheres da faixa etária de Olivia são chamativas, vulgares e exageradas, o que irrita muito. Já Tom tem mais de 40 anos, muita experiência, uma alma perturbada e um charme misterioso. Todas as mulheres sucumbem ao seu charme. Tom parece saído de um romance de banca de jornal daqueles Júlia e Sabrina, lá da década de 1980.

Há outros personagens além de Olivia e Tom, mas nenhum é interessante e todos são clichês de romances policiais. A história se arrasta por mais da metade do livro, num vai e volta entre a chatice de Olivia e a chatice de Tom. Os diálogos são sofríveis e as partes narradas são confusas, passeando entre terceira e primeira pessoa. Tudo é muito superficial, não há um elemento interessante em toda a história, que acaba culminando em um final previsível.

Podia culpar o fato de ser um romance escrito em 2013, mas olhando pra trás e pros livros citados no primeiro parágrafo, a série Millenium foi escrita entre 2005 e 2009 e Deixe Ela Entrar foi escrito em 2004. Definitivamente não há desculpa para o fato de Terceira Voz ser um livro com uma história muito fraca, que lembra um episódio ruim e Law and Order.

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