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The Giver (O Doador de Memórias)

The Giver (O Doador) é uma distopia diferente onde só o presente importa.

Distopias tendem a seguir dois caminhos: o mundo virou uma ditadura assustadora (1984 e Jogos Vorazes); a segunda opção é de um mundo onde todos são felizes (Admirável Mundo Novo e Feios), ou pelo menos, aparentemente felizes. “The Giver” se encaixa melhor na segunda opção mas tem um elemento a mais que faz toda a diferença, no mundo criado por Lois Lowry, não existe passado ou futuro, todos vivem apenas o presente.

Jonas é um jovem preocupado com a cerimônia dos seus 12 anos. É nessa cerimônia que ele vai conhecer a decisão do conselho de que profissão terá, é nessa cerimônia que ele deixa de ser criança e passa a ser adulto, dali em diante seus anos não serão mais contados.

A comunidade é extremamente ordeira, a cidade é toda plana, todos andam de bicicleta, a comida é entregue todas as noites nas casas, os bebês são cuidados até um ano por um grupo de pessoas e só depois ganham uma família, cada família só pode ter dois filhos, um menino e uma menina. Todos são extremamente cordiais e as diferenças nunca são apontadas. Quando se chega a uma certa idade as pessoas são levados para Elsewhere (outro lugar).

Na cerimônia de Jonas ele recebe uma grande honraria, ele é escolhido para ser o novo Recebedor, essa é a pessoa que guarda toda a memória do mundo. É isso mesmo ninguém na comunidade sabe como chegaram ali, como era o mundo antes. Toda essa memória é guardada por uma só pessoa. É a exacerbação do que Orwell criou em 1984, lá a história é reescrita para beneficiar os objetivos do presente, aqui a memória não existe. Todos vivem apenas o presente, isso faz com que não exista um senso de família, não existem antepassados nem descendentes e isso garante a harmonia da comunidade.

Como em qualquer distopia nosso herói, Jonas, começa a questionar o funcionamento da comunidade assim que começa a receber as memórias. O Recebedor anterior doa as memórias e as debate com Jonas. É nesses momento que ele descobre as cores, os sentimentos, a dor, a guerra, avós. Ele descobre que existe livre arbítrio e quer exerce-lo.

“The Giver” é escrito para crianças, tem um vocabulário simples e não é muito profundo em como a comunidade funciona e não diz como a mundo chegou a esse estágio. Sabemos apenas o que Jonas nos mostra e nos explica. Seu final em aberto deixa muito espaço para interpretações, muitas delas religiosas. Só pensei nessas conotações lendo o texto de Lowry que acompanha a minha edição digital em inglês (o livro foi lançado no Brasil com o nome de “O Doador” mas está esgotado). Gosto de finais em aberto, gosto dessa incerteza, mas sei que não é um tipo de final popular.

Sou uma leitora assídua de distopias, esse livro me chegou por indicação de um amigo que nem sabe sobre essa minha preferência. Foi uma leitura rápida, o livro é pequeno, mas me mostrou uma nova modalidade de distopia, a que vive apenas o presente e como isso é igualmente perigoso.

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