Coluna

A filosofia da mortalidade de sempre

Hoje a coluna vai ser bem curta. Eu só quero terapivivizar sobre algo que tem povoado minha mente nos últimos dias… e talvez bem seja porque meu aniversário está chegando e, apesar de eu ser bem nova ainda, a mortalidade é uma faísca, um gatilho um tanto sensual, que exige de mim, sempre, uma reflexão filosófica.

Na minha infância eu costumava com amiguinhos brincar de adivinha a morte. A gente inventava as mortes mais horrendas e discutia detalhes do nosso fim. Algumas vezes, depois da brincadeira, eu continuava refletindo sobre a importância da morte. Alguns amiguinhos achavam que o fim ditava tudo, que não importava como a gente tinha vivido, a morte é que seria lembrada por todos, se ela fosse trágica o suficiente, e não a vida. Eu discordava. As circunstâncias da morte não eram importantes pra mim. Eu achava que podia morrer dormindo ou ardendo num incêndio, nada poderia se comparar aos feitos da pessoa em vida. Não era como eu lembraria, anyway.

Minha vó morreu quando eu tinha 8 anos e até hoje eu não sei exatamente do que ela morreu, não em termos técnicos, apenas que “morreu de velhice”, como dizem. Seus órgãos começaram a falhar um por um até que, no hospital, deitada numa cama, ela se foi. Eu não tive uma convivência muito longa com minha vó, mas vivemos momentos importantes juntas, com os quais pude conhecê-la melhor e que marcaram um instante na minha vida. Eu me lembro desses momentos e somente deles. Nossas conversas profundas, pelo menos uma profundidade que uma mente de uma criança de oito anos podia alcançar, me acompanharam e de certa forma ajudaram a formar parte do meu caráter, como todas as conversas e todos os momentos de alguma maneira o fazem. Portanto, sua vida, pra mim, é e sempre foi muito mais memorável que sua morte e, sem muito brio, era esse exemplo que eu dava para tentar argumentar na infância de que, ainda que se tratasse de um paradoxo frasal, a morte nunca teria a mesma importância que a vida de alguém.

Mas, Vivi, são 3 horas da manhã, por que diabos você está falando de morte? O que isso tem a ver?

Tudo a ver, meus queridos, tudo.

Porque, não importa o que eu faça, um dos meus maiores medos é que minha morte seja maior que minha vida.

#Fui

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