Resenhas

A Fogueira

Krysten Ritter é mais famosa, atualmente, por incorporar a heroína dos quadrinhos, Jessica Jones, na famosa série homônima da Netflix. Ritter é uma atriz talentosa, que chamou muita atenção com sua performance na série “Breaking Bad”, e como a louca Chloe em “Don’t Trust the B*** in Apartment 23”. Ela canta em uma banda, a Ex Vivian, luta pelos direitos dos animais e é fundadora da produtora Silent Machine que tem como intuito priorizar trabalhos que sejam protagonizados por personagens femininas fortes. Além de tudo isso, Ritter escreveu um livro: A Fogueira (Bonfire, 286 páginas), lançado aqui no Brasil pela editora Rocco, através do selo Fábrica 231 e com excelente tradução de Ryta Vinagre.

Em seu romance de estreia, Ritter conta a história de Abby Williams, uma bem-sucedida advogada ambiental, de Chicago, que precisa voltar à sua cidade natal, Barrens, em Indiana. Ela está há dez anos sem retornar por conta da infância e adolescência difícil que teve, por causa do pai religioso e abusivo e do bullying que sofreu na escola. Agora Abby volta para processar a empresa que praticamente comanda a cidade, que gera empregos para seus moradores e que fez que Barrens não acabasse. Entre enfrentar a poderosa empresa e reencontrar antigos desafetos, Abby faz uma viagem dolorida ao seu passado que vai reabrir antigas feridas, trazendo à tona um mistério do passado que parece afetar o presente.

O livro é todo contado a partir do ponto de vista de Abby que nos conta a história em primeira pessoa, o que aumenta o suspense que ronda a pequena e pobre cidade de Barrens. O retorno à sua cidade natal é muito dolorido e Ritter transmite muito bem essa dor ao leitor, que sofre junto com Abby criando uma empatia imediata. É claramente uma obra de estreia, que apesar de conter 286 páginas, consegue se perder um pouco na necessidade de dar muitos detalhes da história. Mas não diminui a força da trama e muito menos do livro, que usa os dramas da pequena cidade para falar não apenas do seu mistério principal, como abuso, bullying, corrupção e inseguranças.

Abby é uma grande protagonista, muito longe de ser perfeita, que lembra muito as personagens criadas por autoras de suspense como Paula Hawkins e até mesmo Gillian Flynn. Mas Abby não parece uma cópia delas e sim mais uma grande personagem desse gênero, que vem se tornando uma forma excelente de se falar sobre os medos que rondam o universo feminino. Ritter cria uma personagem forte, que enfrentou muita coisa e consegue dar a volta por cima, porém enfrentar seu passado é um obstáculo bem difícil que ela encara de frente. Abby nos mostra suas inseguranças, suas fraquezas e medos sem pudor, o que dá um tom intimista ao livro, ao mesmo tempo que muito empoderador, já que Krysten claramente usa seu livro para abrir debates sobre assuntos importantes, como estupro, suicídio, abuso, cyber bullying e bullying.

A Fogueira é um ótimo livro de estreia, com uma história interessante, uma personagem principal cativante, que conta uma história muito atual sobre cidades pequenas que são engolidas por grandes corporações, sobre corrupção e, principalmente, sobre superar traumas.

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