Coluna

As livrarias

Esse final de ano foi desastroso para o mundo das letras aqui no Brasil. A recuperação judicial da Saraiva e da Cultura causaram demissões e temores para o futuro. Sempre fui uma rata de livrarias e ao mesmo tempo sempre fugi das grandes redes. Sou dessas que adora uma livraria independente, deve ser efeito de ter crescido dentro da Malasartes lendo naquela mesinha vermelha que tem logo na entrada na loja do Shopping da Gávea. Ali comprei os livros da minha infância, descobri meu amor por Ana Maria Machado e Ruth Rocha e aprendi a conversar com os livreiros, a ouvir suas sugestões ou apenas trocar ideias sobre o que estava lendo, talvez isso seja o maior ganho que tive entre as estantes de ferro vermelha que ainda estão lá.

Livrarias sempre foram para mim mais do que uma loja que vende livros, são ponto de encontro, uma especie de parque de diversões para a bibliófila que vive em mim. Adoro me perder entre as estantes, ler os títulos, ver o que está em destaque e o que está mais escondido. Perambulei muito entre as estantes de Saraiva e Cultura, pé verdade, mas minhas compras desde sempre seguiram os caminhos do coração e meu dinheiro ficava, ainda fica, nas independentes. Tenho muito dificuldade em lembrar qualquer livro que tenha comprado nas duas cadeias de livrarias que hoje estão definhando, os descontos não eram suficientes para me convencer, já os títulos que comprei e descobri, principalmente, na Timbre, na Da Vinci e na Blooks não cabem nessa coluna.

Não sou dessas que só compra livro físico, pelo contrário, minha biblioteca no kindle é respeitável. Sou uma leitora hibrida, em casa livros físicos, na rua kindle. Gasto um bom dinheiro na amazon em e-books, talvez equivalente ao que gasto em livrarias. A diferença entre minhas compras digitais e as em lojas físicas e o conteúdo e a minha certeza sobre ele. Vou a amazon com a lista de compras pronta, entro numa livraria em busca do novo, em busca da descoberta de novos títulos e autores, enfim, em busca da experiencia que apenas uma livraria pode me proporcionar.

Já fui mais rata de livraria do que sou hoje, a falta de tempo anda me impedindo de frequentar a Timbre, de longe a minha livraria preferida, como já frequentei no passado. Ando com saudade da minha pilha de livros escolhidos depois de muita conversa e indicações. Melhor sair da frente do computador e dar uma passada lá.

 

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