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As Três Irmãs: Como Um Trio de Penetras Arrombou a Festa

A folia já acabou faz um tempo mas meu interesse pelo carnaval não termina. “As Três Irmãs” é um desses livros que estava no meu radar há tempos e que só agora consegui encontrar (viva o kindle!) e ler. As irmãs do título são três escolas de samba do Rio, Mocidade, Imperatriz e Beija-Flor, que acabaram com hegemonia das quatro grandes, Portela, Mangueira, Império e Salgueiro.

O trio de autores é formado por torcedores de cada uma das escolas de quem eles escrevem e isso dá ao livro um ar apaixonado por cada uma das agremiações. Isso é um ativo, faz com que o leitor sinta toda a admiração e amor que essas escolas despertam em seus torcedores. A história que contam não é muito linear e isso atrapalha um pouco a leitura, tive a sensação de que é um livro para iniciados no assunto e não para alguém que conheça pouco do universo dessas escolas de samba. Isso não atrapalhou a minha leitura, mas eu me encaixo no grupo das iniciadas.

Em um ano em que a Mangueira levou o título do carnaval com o importante enredo “Histórias para Ninar Gente Grande” e a Imperatriz foi rebaixada com uma enredo sobre o dinheiro dá pano para uma analise do universo do samba no Rio. As três irmãs acabaram com a hegemonia das quatro grandes em uma mistura de inovação e dinheiro, dinheiro esse advindo da contravenção. Os bicheiros injetaram muito dinheiro em três escolas modestas e foram fundamentais para o crescimento das três e suas consequentes vitórias. Ter ligações com o jogo do bicho e demais ilegalidades não é exclusividade de Mocidade, Imperatriz e Beija-Flor, só lembrar que Chiquinho da Mangueira, atual presidente da campeã do carnaval, está preso.

Sempre acho que falta um olhar crítico na cobertura do carnaval e nos livros que falam das escolas de samba. Aceitar sem maiores críticas o poder de Castor de Andrade, Anisio Abrahão David e Luizinho Drumond, só para citar os bicheiros das escolas que são retratadas no livro, me incomoda muito, não é algo que possamos esquecer e deixar de apontar. Tendo dito isso o livro vai mostrando a construção das três escolas, fala de seus baluartes, seus momentos de glória e como chegaram lá.

Dentre os aspectos mais importantes que é mostrado e explicado são as características de cada uma das escolas. Quando elas abandonam suas características, como aconteceu no carnaval desse ano, nunca acontece uma boa coisa. O luxo da Beija-Flor, os enredos históricos da Imperatriz, a inovação da Mocidade. Tudo que nenhuma das três apresentou no último Carnaval. É uma boa leitura para fãs, principalmente para fãs dessas escolas.

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