Depois de muita espera e especulação, finalmente a adaptação cinematográfica do primeiro livro da trilogia “Cinquenta Tons de Cinza” (Editora Intrínseca – confira a resenha dos livros aqui e aqui) chega aos cinemas. E que surpresa ela foi!
Pelas resenhas que linkei acima, é possível ver a minha opinião sobre os livros, que narram a história da universitária virginal que se apaixona por um jovem milionário dominador. Poder e paixão rolam a torto e a direito nos livros, assim como a parte mais polêmica, que trata do relacionamento de submissão e quase abuso (o limite entre um e outro é sempre discutido). Em suma, não acho que foram bem escritos, acho a protagonista Ana Steel uma mala e sem personalidade, Christian Grey é bem construído, coerente, mas psicótico e as cenas de sexo são bem quentes, porem numerosas demais, o que faz o livro perder o ritmo. Mas também acho a expressão “laters, baby” sexy, assim como várias cenas dos livros. Aí chego na sala de exibição lotada de todo tipo de casal e grupos de amigos e ….
Ri horrores!
Não fizeram uma adaptação chacota do filme, não. Muito pelo contrário! Todos os envolvidos no filme abraçaram a causa com louvor. Sabe como a Kristen Stewart aparenta desconfortável no papel de Bella Swan na série Crepúsculo? Quase como se ela estivesse com vergonha das falas cafonas e apaixonadas? Pois é, “Cinquenta Tons de Cinza” tem váaaaaarias dessas falas (mais safadas e diretas do que apaixonadas), mas tanto Dakota Johnson (Ana) quanto Jamie Dornan (Grey) as entregam com intensidade e convicção. E pode parecer besteira, mas isso faz toda a diferença no resultado final.
A cada fala mais “brega” (por exemplo, eles se conhecem há cinco minutos e já estão trocando coisas como “não sou o homem para você, mas não consigo ficar longe de você”), dois grupos de pessoas gargalhavam no cinema: os homens que foram arrastados por suas namoradas e esposas e os amigos – de ambos os gêneros – que estavam curtindo pacas a experiência (eu estou nesse grupo). Já a galera mega fã curtiu também e não se ofendeu. Achei digno. Afinal, é entretenimento, minha gente!
O que importa é que, brega ou não, Dakota e Jamie arrasaram em seus papéis, deixando os fãs orgulhosos e o resto da galera surpreso. Eu esperava mais um show de mordidas de lábio e interpretação com ombros e só, mas Dakota é meiga e sabe ser sexy em sua inocência e extremamente cativante e espontânea. E Jamie é um gato e deixou a mulherada toda se abanando.
MAS, temos um ponto negativo para Grey e um ponto positivo para Ana.
Grey – nos livros – é um cara que passou por problemas físicos e psicológicos brabos e que resultaram no dominador que ele é hoje. Coerente. Ok. Mas no filme isso aparece pouco, fazendo com que o personagem aparente ainda mais obcecado com Ana do que ele já é, e um tanto quanto abusivo (ainda mais do que o normal). Para não transformá-lo em completo vilão, quero deixar bem claro que, por mais que ele diga que não está apaixonado por ela, os olhos dizem outra coisa e isso é mérito da direção e do ator. Parabéns a ambos!
Já a Ana do filme precisava ser reescrita nos livros! Embora seja um tanto ingênua e apaixonada, ela tem atitude e sabe o poder que exerce sobre Grey e o utiliza. Ela aparenta dominar as situações enquanto ele a segue, completamente hipnotizado. Deu vontade de aplaudir! Não era uma menina apaixonada e submissa, mas uma jovem que se tornou mulher e estava explorando o que interessava e foi ao limite e não se permitiu ser ferida – física ou psicológica – por um homem. Dois podem brincar e Ana deixou isso bem claro. Curti muito! Isso tudo sem contar em cenas engraçadas – como Ana de porre ligando para Grey – e vários momentos em que o público se pega murmurando “como é que é?” e Ana dizendo o mesmo na telona. Ela é de fácil identificação no filme, o que ajuda e muito para o sucesso dele.
Aí temos várias cenas de sexo. Todas feitas com bom gosto, erotismo e sensualidade sem ser vulgar. E não são tão numerosas, o que ajuda bastante no ritmo da narrativa. Mas quem não curtir o romance, pode achar o filme um pouco longo demais.
A trilogia “Cinquenta Tons de Cinza” foi baseada em uma fanfiction sobre “Crepúsculo”. Então Ana tem características da Bella, Grey é Edward e Jose é Jacob e a irmã mais jovem do Edward, digo, Grey, é Alice e, bem, você entendeu. Nos livros isso aparece bastante e até incomoda um pouco. Mas no filme é quase uma homenagem. E quase uma recompensa para os fãs da vampirada. Dakota seria uma excelente Bella, menos mala e mais cativante. Jamie seria perfeito como Edward, mas teria que rejuvenescer uns dez anos, o que é até meio irônico.
Várias cenas fazem lembrar de “Crepúsculo” em uma maneira legal, quase nostálgica e eu achei isso bem sensível da parte da direção. Aliás, além de destaque para a trilha sonora, que é muito boa, a direção de Sam Taylor-Johnson e o roteiro de Kelly Marcel são excelentes e parte da razão de a adaptação cinematográfica ter funcionado. MAS a fofoca em Hollywood é que a autora E. L. James, que já trabalhou como produtora de TV, interferiu muito em ambos. Se para o bem ou para o mal, não sei, mas parece que a diretora não vai voltar para o próximo, o que eu acho ruim.
Enfim, “Cinquenta Tons de Cinza” é cinquenta tons mais claro do que o livro e isso é bom! AH, e a Deusa Interior da cabeça da Ana não está no filme. ALELUIA!
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Essa é uma história linda de amor , não somente dominação ele aprendeu amar fazendo com que ele muda se seu jeito de ser. Filme merece um Oscar.