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Deixem o YA em paz

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Não é de hoje que as YA são atacadas pela crítica americana. Era de se esperar que o crescimento e popularização do gênero viesse acompanhado das críticas, mas o que acontece no momento é mais do que isso. É uma recriminação dos leitores adultos de YA, como se algum livro pertencesse única e exclusivamente a uma faixa etária.

Nós aqui do Cheiro de Livro levamos a sério o nosso lema (O que a gente gosta, quando a gente pode) e entre o que gostamos está YA. Mais do que isso, Harry Potter, uma série que fica ali entre o infanto-juvenil e a YA (depende do livro), é responsável por solidificar a parceria que se transformaria nesse espaço. As criticas, majoritariamente, falam da infantilização dos leitores e da literatura adulta como algo superior e mais complexo.

O problema começa em julgar uma literatura superior ou inferior só pelo gênero dela, piora quando se acredita que literatura feita para criança ou adolescente é, necessariamente, menos complexa do que para adulto. Um dos maiores sucessos da indústria literária dos últimos anos foi “Cinquenta Tons de Cinza”, vendeu muito e isso não faz dele um bom livro e, muito menos, boa literatura e é um romance adulto. Danielle Steel e Nora Roberts são autoras adultas e isso não as faz automaticamente grandes autoras.

Bons livros se desprendem das amarras da idade. Pegue qualquer livro que você leu quando criança da Ana Maria Machado, pode ser o popular “Bisa Bia, Bisa Bel” ou o nem tanto “Era uma Vez”, e se verá que é uma leitura que cresce com o leitor. Funciona para criança e para o adulto, a linguagem é mais simples e isso não compromete o conteúdo. É apenas uma questão de forma. Um bom livro será um bom livro lido em qualquer idade, não é isso que define o que é bom ou o que é ruim. E quem disse que o que é ruim não deve ser lido? E quem define o que é ruim?

A grande questão é essa: Quem define o que é ruim? A critica literária perdeu espaço e até alguma importância nas ultimas décadas. Aqui no Brasil só o jornal O Globo mantém um caderno dedicado a literatura, em São Paulo nenhum dos seus jornais tem um espaço parecido. Nos EUA e na Europa a coisa muda um pouco de figura, mas mesmo lá as editoras miram a internet e os blogs na hora da divulgação. É o comentário e a resenha, não a crítica, que acaba influenciando o leitor a comprar, a internet é o boca-a-boca de ontem. Ser popular não é sinônimo de ser ruim, nem ser um fracasso de vendas é predicado de grande qualidade literária.

Querer ridicularizar um leitor pelo que está lendo é de uma imbecilidade ímpar. Cada um lê o que quer, quando quer e a importância de cada livro é dada pelo seu leitor. Um livro que é horrível para mim pode ser o livro da vida de uma pessoa, um livro que achei maravilhoso hoje pode não resistir a uma segunda leitura. Livros tem esse poder, eles se modificam aos olhos dos leitores porque os leitores são diferentes, entendem o que está escrito de forma diferente e essa é uma das maravilhas da leitura.

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