Por Frini Georgakopoulos
O trailer é excelente, mas a dica é: leiam “A Hospedeira” antes de ir ao cinema. Li esse livro em 2009 e amei demais! Carregava ele pela casa após acabar e olha que eu não curto sci-fi. O que me levou a ler “A Hospedeira” foi a própria Stephenie Meyer, que escreveu em seu site “Esse livro é para quem não gosta de sci-fi”. Foi amor à primeira vista.
A ideia do livro não é original,mas se transforma nisso durante a narrativa. A premissa é a seguinte: alienígenas começam uma colonização no planeta Terra invadindo corpos humanos. A consciência do corpo, sua personalidade, é apagada e a “alma” invasora toma conta. Mas os novos “inquilinos”, que já colonizaram inúmeros planetas, são extremamente gentis e não conhecem violência, sarcasmo, mentiras. Ou seja, a Miss Universo conseguiu seu desejo: a paz mundial. Mas o preço foi o sumiço da “consciência” humana. Vale a pena?
Nossas protagonistas vivem no mesmo corpo! Peregrina, a alienígena que “se mudou” para o corpo da humana Melanie Stryder, é quase uma lenda. Transferida de hospedeiro para hospedeiro, Peregrina já passou por nove planetas, o que é considerado incrível. O problema começa quando Peregrina acorda no corpo de Melanie, mas a consciência da humana ainda está lá e se recusa a ser apagada.
O conflito começa internamente com as duas mentes em um só corpo. Peregrina precisa aprender a lidar com os perigos de estar em uma hospedeira humana: memórias vívidas, fortes emoções e riqueza de sensações. Nessas memórias, Melanie mostra a Peregrina – contra sua vontade – Jared, o homem que ama, e Jamie, seu irmão mais novo (que eu não tenho certeza, mas acho que não está no filme). Nessa vida compartilhada, Melanie convence Peregrina a ir atrás dos dois, que permanecem escondidos e a salvo. Nesse momento, a integridade física e emocional de ambas é colocada em perigo. Conceitos como lealdade e amor são colocados em discussão indiretamente e os leitores, inconscientemente, tomam lados até que, esses lados passam a ser um só.
Além desse conflito interno, o externo também existe e é muito importante para manter o clima tenso da narrativa. Melanie/Peregrina precisam chegar até Jared, mas não podem ser descobertas ou serão penalizadas e apagadas (ou pior). E o interessante é que, mesmo em um ambiente aparentemente sereno e gentil, o medo existe e é quase tangível na narrativa da autora. Kuddos para Meyer que demonstrou amadurecimento em sua escrita.
Quando entrevistei Stephenie Meyer em 2009, ela comentou a diferença entre acabar “Amanhecer” e escrever “A Hospedeira” ao mesmo tempo. Ela descreveu a experiência como um pouco maluca, mas necessária.
“Em Crepúsculo, tudo é muito verde e chuvoso e repleto de vida. Eu tive que passar por uma imersão na aridez do deserto para escrever A Hospedeira. Esse mundo é totalmente árido e quente e seco, o oposto de Forks o que, estranhamente, foi bastante refrescante pra mim. Precisava dessa mudança. Mas nunca mais vou lançar dois livros ao mesmo tempo (risos)”, revelou Stephenie, que teve a idéia de “A Hospedeira” ao dirigir pelo deserto com os filhos (ela mora no Arizona … muitos cactos por lá).
A narrativa – assim como em “Crepúsculo”- é em primeira pessoa, o que ajuda a conhecer melhor e mais rapidamente o mundo e modo de pensar das “almas” invasoras, já que a narradora é Peregrina. A narrativa começa um pouco confusa, um pouco lenta, mas, do meio do livro em diante, é impossível largá-lo! Outros personagens ganham mais destaque, a trama se complica, pois mais um interesse romântico é introduzido, e é identificado que o tom lento do início era necessário para o ápice e a conclusão serem eficazes. Mais palmas para Meyer!
Comprei este livro esta semana justamente porque sei que em março ele chega aos cinemas!! Estarei preparada até lá!