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Destino: Poesia

Que tal conhecer um pouco mais da “Poesia Marginal” brasileira?

Capa Destino Poesia V2 MFEu sempre tive um carinho todo especial pelo Paulo Leminski. Não que eu fosse aquela fã que acompanhasse toda a sua trajetória, mas curto bastante seus versos. Quando soube do lançamento da José Olympio que reuniria, além de Leminski,  Ana Cristina Cesar (ou Ana C.), Cacaso (Antonio Carlos de Brito), Torquato Neto e Waly Salomão, me animei a me aprofundar e conhecer um pouco mais dessa geração de poetas dos anos 70.

O que todos tem em comum? Fizeram parte do “Movimento Marginal”, também conhecido como Geração Mimeógrafo, um período cultural que influenciou toda uma nova concepção de arte e literatura no Brasil. A poesia de mimeógrafo (ou marginal) ganhou esse nome porque muitos poetas utilizavam o mimeógrafo (antiga máquina para de cópias) para fazer reproduções de seus textos. A forma razoavelmente artesanal de impressão era uma solução alternativa para produção e distribuição de seus livros, substituindo os métodos tradicionais, como grandes gráficas, editoras e livrarias. As edições em geral eram vendidas a baixo custo nos próprios eventos da cultura marginal, que se mantinha à margem da crítica literária e dos moldes tradicionais da literatura. Os artistas que deste movimento fizeram parte eram movidos por seu inconformismo com os moldes impostos pela academia, com a dita “cultura oficial” brasileira, que acabava marginalizando qualquer produção cultural que não se encaixasse nos padrões.

Os poetas apresentados em “Destino Poesia”, antologia organizada por Italo Moriconi, são expoentes desse período e a edição é uma boa sugestão para quem quer ter um panorama geral da produção deste período literário e sua multiplicidade. Para quem não está muito habituado a esse estilo, mas quer conhecê-lo, fique tranquilo, o prefácio dá uma boa contextualizada para que o leitor possa imergir no ambiente da poesia marginal antes de começar a leitura. Leminski define que ser marginal “é quem escreve à margem, deixando branca a página para que a paisagem passe e deixe tudo claro à sua passagem”, e é muito este sentimento que temos ao ler este livro. As poesias são fluídas, com linguagem coloquial, até bastante objetivas, permitindo uma aproximação bem grande inclusive com quem não é muito fã do gênero.

A diagramação favorecendo o jogo de palavras é um cuidado à parte da editora, que colabora para a musicalidade e interpretação de cada verso. É um livro que já começa a ser poema mesmo na capa, que respira poesia em cada folha, a José Olympio fez um trabalho impecável. “Destino: Poesia” foi reeditado e lançado com nova capa em junho deste ano, conta com fac-símiles dos manuscritos, biografias dos autores, apresentação de Italo Moriconi e bibliografia. É um ótimo livro para quem quer conhecer grandes autores da Geração Mimeógrafo, como Ana C. (homenageada deste ano da FLIP), ou mesmo para quem já é fã e deseja aumentar sua coleção. Daquelas edições fáceis de ler, para deixar na cabeceira da cama e sempre repetir.

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