Esse é um dos casos de livro que comprei pelo título. Não pude resistir a um livro que chama “Digam a Satã que o Recado foi Entendido”, é um título sedutor. Além do titulo, tudo que sabia é que o romance faz parte do projeto Amores Expressos que levou 17 escritores brasileiros a 17 cidades pelo mundo para que escrevessem historias de amor. O livro foi uma boa surpresa e uma oportunidade de conhecer o trabalho de Daniel Pellizzari.
Uma agencia de turismo que faz tours por lugares assombrados em Dublin, todos os locais inventados por seus sócios, uma ceita ocultista celta, imigrantes e terroristas. É essa a gama de personagens que povoa a Dublin retratada por Pellizzari. Os capítulos do livros são contados em primeira pessoa e divididos entre os diversos personagens. Os capítulos mais interessantes são de um personagem que foge de casa para se juntar a uma ceita ocultista e o do protagonista Magnus. A princípios as historias parecem não ter nenhuma conexão, mas elas acabam se cruzando no momento certo.
Pellizzari mostra uma Dublin cheia de imigrantes e a xenofobia do único irlandês destacado na trama, Barry. Ele faz parte da empresa de turismo charlatã para dar autenticidade aos roteiros criados. É ele que mostra a dificuldade de um pais que viveu tento tempo exportando gente de lidar com a chegada de imigrantes de todas as partes. É o mais próximo de uma analise das mudanças na Irlanda do inicio deste século que o livro chega.
A parte da ceita ocultista é a mais desinteressante do livro. Certos capítulos são bons mas não acrescenta a história, é mais um aspecto da Irlanda, os celtas, que é meio colocado na historia, mas não incorporado.
Todas as conversas sobre games entre Magnus e Barry dão um ótimo pano para de fundo pra a historia. Não sou uma super conhecedora de games, mas me diverti muito com os diálogos, e olha que eu só entendi parte das referencias. “Digam a Satã que o Recado foi Entendido” me fez conhecer a escrita de Pellizzari e gostar. Já até baixei mais trabalhos dele de graça direto do site.
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