Darrow tem 16 anos e é parte dos Vermelhos, o clã operário de uma sociedade futura altamente hierarquizada, moldada no Império Romano. Ele trabalha na mineração no subsolo de Marte, para permitir que futuras gerações possam colonizar o planeta e assim garantir a sobrevivência da raça humana. Desde cedo ele aprende o valor do sacrifício em prol do bem maior.
Só que tudo que ele sabe é uma grande mentira. Marte e os outros planetas já foram colonizados faz tempo. Mas só quem aproveita e vive confortavelmente na superfície são as classes mais altas, lideradas pelos Ouros. O povo de Darrow é mantido na escravidão e ignorância por um sistema repressor brutal. Darrow é salvo da execução por um grupo rebelde, que pretende usá-lo para infiltrar os Ouros e derrubar o regime.
O que se segue é uma grande sequência de treinamentos e lutas brutais a que os herdeiros dos Ouros são submetidos como processo de escolha dos futuros líderes dessa sociedade.
Confesso que cheguei tarde a essa série Jovem Adulta distópica que como várias outras veio na esteira de Jogos Vorazes. O primeiro volume saiu em 2014 tanto lá fora quanto aqui (Editora Globo, trad. Alexandre D’Elia). O segundo e o terceiro (Filho Dourado e Estrela da Manhã) já saíram em português. Lá fora, o autor Pierce Brown vai lançar em Julho o quinto volume, com um sexto já previsto pra fechar a segunda trilogia.
Fúria Vermelha é narrado em primeira pessoa por Darrow, então descobrimos esse mundo elitizado e brutal ao mesmo tempo que ele. Isso pode ser bom e ao mesmo tempo ruim, porque limita o autor. Por causa do ponto de vista, não chegamos a conhecer muito dessa sociedade, apenas seguimos Darrow de lula em luta, então fico na esperança de que o autor mostre mais nos livros seguintes. Estamos em Marte, mas é um planeta terraformado, coberto de florestas. De vez em quando o autor se lembra que a gravidade é mais fraca e usa isso numa luta. Mas fora isso, as florestas em que a maior parte do livro se passa poderiam ser em qualquer lugar da Terra.
Por outro lado, é um livro de muita ação. Até aqui já usei “brutal” três vezes nesse texto, e essa realmente é a palavra que melhor descreve o livro. Brown descreve longamente as lutas e a violência cometida pelos jovens que disputam a liderança. Fratura exposta é o de menos. Se a ação diverte, sobra pouco espaço pra introspecção. Às vezes Darrow começa a se perguntar se não está se tornando tão impiedoso quanto os inimigos; em outros momentos ele se dá conta de que está sentindo empatia e até amizade por aqueles que deveria ajudar a derrubar. Mas esses insights são breves, logo alguém ataca e Darrow está de novo quebrando cabeças. Também fico me perguntando se uma sociedade em que a elite permite que seus herdeiros sejam massacrados desse jeito conseguiria se sustentar por muito tempo…
O segundo volume, Filho Dourado, começa com Darrow no comando de uma nave espacial, participando de combates simulados no espaço como nova etapa do treinamento. Torço pra que isso abra mais a nossa visão e que Brown mostre mais detalhes desse universo.
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