Uma livraria que funciona em uma barca no Rio Sena e um livreiro que receita livros para os males da alma. Nada mais sedutor para um bibliófila do que essa sinopse.
Jean Perdu é um livreiro em Paris que não vende qualquer livro para qualquer pessoa, é desses que se recusa a vender o que o cliente quer, vende apenas o que o cliente precisa. Vive entre sua barca/livraria e seu apartamento, a grande questão de Perdu é que ele realmente não vive, parou de viver quando sua amante o abandonou há 20 anos e o livro de Nina George é a jornada dele de volta a vida.
O melhor do livro é Perdu e a livraria, suas referencias literárias, as conversas com Max, um escritor de sucesso que não consegue escrever um segundo romance, e a interação com os clientes. É no universo literário que mora o encanto de “A Livraria Mágica de Paris”, o problema é que esse universo é só uma parte do que acontece na história.
Logo no primeiro terço o livro se transforma em uma espécie de road book pelos rio franceses. Perdu vai em busca de sua amante que não vê há 20 anos, Max quer apenas fugir de toda a sua fama como escritor e encontrar uma nova historia para contar. A relação dos dois na barca livraria é ótima, a história anda, é divertida e ainda acrescenta a jornada a obsessão de Perdu por um livro especifico e sua busca por seu autor. A vida na barca fica mais interessante quando agregam um italiano com uma romântica história. Nesse momento “A Livraria Mágica de Paris” tinha tudo ser daqueles livros deliciosos e aí chegamos a parte final e tudo desanda.
Do momento em que nossos heróis vão a um encontro clandestino de dançarinos de tango a história começa a sair dos eixos e nunca mais volta. É o momento em que o universo literário, a livraria do título e até mesmo a cumplicidade entre Perdu e Max são deixados de lado e todo o foco muda para o livreiro e seu antigo amor, sua busca por um fechamento para aquela história. O romance de Perdu e Manon daria um bom romance só não cabe muito bem com o restante desse livro aqui, são como se fossem dois universos diferentes tendo que habitar as mesmas páginas, não funciona muito bem e é uma pena.