Coluna

Música e poesia

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O poeta João Cabral de Mello Neto dizia que música não é uma expressão de arte, ele dizia também que depois de ouvir a adaptação musicada de seu poema “Morte e Vida Severina”, feita por Chico Buarque, nunca mais conseguiu lê-lo sem cantar. Poesia e música tem essa ligação e mesmo acreditando nisso a vitória de Bob Dylan no premia Nobel de Literatura me causou estranheza.

Passado quase um mês da vitória de Dylan estou mais conformada com a vitória. Não sou conhecedora da obra de Dylan para avaliar com mais precisão, o que posso dizer é que há tantos músicos poetas que mereceriam honrarias iguais. Como não admirar versos como “tira o seu sorriso do caminho / que eu quero passar com a minha dor” ou “na bagunça do seu coração/ meu sangue errou de veias / se perdeu”, só para ficar em dois exemplos musicas de linda poesia.

Sou dessas que lê quase nada de poesia e ao mesmo tempo sabe várias de cabeça, sei os versos que sei por causa da música ou de cantores que os recitam, aqui vai um destaque grande para Maria Bethânia que me fez amar Fernando Pessoa e tantos outros poetas e poemas. Tenho essa relação com a poesia de que ela fica melhor ouvida do que lida, pra mim ela é mais como música do que como palavra no papel.

Voltando ao já citado “Morte de Vida Severina”, só fui ler o poema depois de cantar muito “o funeral do lavrador”, é um caso de a música me lavar ao texto. Tenho que confessar que prefiro a música ao texto. Acho que o único poeta que li sem cantar foi Drummond e mesmo assim prefiro ele lido para mim do que ler. O ritmo e a musicalidade da poesia funciona para mim em voz alta, funciona sendo ouvida e não lida. E você? como é a sua relação com a poesia das músicas e música das poesias?

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