Na noite de sábado tivemos a cerimônia do prêmio Nebula, dado pela Associação de Escritores de Fantasia e Ficção Científica aos melhores do ano. Um ano excelente, em que quase todos os indicados poderiam ter ganho que ninguém reclamaria.
The Calculating Stars, de Mary Robinette Kowal, foi o grande vencedor. É uma história alternativa em que um programa espacial internacional é comandando por mulheres depois que um meteorito arrasa a costa leste americana em 1952. Colonizar o espaço se torna a única saída para a humanidade à beira de uma extinção semelhante à dos dinosssauros. Kowal expande aqui o universo da noveleta ganhadora do Hugo The Lady Astronaut of Mars. Já tem uma continuação, e mais dois volumes prometidos.
O prêmio de melhor novela foi pra uma das minhas autoras preferidas do momento, Aliette de Bodard, com The Tea Master and the Detective. É parte do universo Xuya imaginado pela autora, um império espacial oriental (de Bodard é de origem vietnamita). É um mistério com uma investigadora no estilo Sherlock Holmes, só que o Watson dela é a inteligência artificial de uma espaçonave.
The Only Harmless Great Thing, de Booke Bolander, a melhor noveleta, é até difícil de resumir. Ela mistura um caso real, de trabalhadoras envenenadas pela radiação da tinta fosforescente que usavam em fábricas no século passado, com elefantes inteligentes explorados pelos humanos. É uma tragédia com personagens em busca de reparação de injustiças. Estranho, belíssimo, de uma escritora que cresce a cada história.
P. Djèli Clark é o único homem entre os quatro prêmios principais, e com um conto delicioso. The Secret Lives of the Nine Negro Teeth of George Washington também se inspira em fatos reais: o herói da independência americana, George Washington, usava dentaduras feitas em parte com dentes humanos – alguns deles tirados dos escravos. Clark atribui poderes sobrenaturais a esses dentes… Outro autor novo que merece ser seguido. O conto pode ser lido em inglês aqui.
Outra queridinha da redação do Cheiro de Livro faturou o Prêmio Andre Norton para ficção jovem adulto (YA): Tomi Adeyemi e seu Filhos de Sangue e Osso. O prêmio Ray Bradbury de melhor roteiro foi pro genial Homem-Aranha no Aranhaverso. Black Mirror: Bandersnatch, da Netflix, escrito por Charlie Brooker, ganhou o prêmio de melhor roteiro para game – isso mesmo. E William Gibson, autor de Neuromancer, foi eleito Grande Mestre.