Coluna

O Medo

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Vi um documentário ótimo sobre o cinema de terror e o medo, como ele é construído em cima do que tememos e como serve de escape para esse mesmo medo. Através desses filmes extravasamos fobias, inseguranças, até desejos obscuros. Eu curto muito filmes e livros de terror, acho que eles (os bons, claro), nos colocam em contato com um lado mais primitivo e atiça sentimentos meio adormecidos. Por exemplo, quando estou triste gosto de ver filmes de terror, aquilo me tira do estado de tristeza, me leva para uma realidade surreal e me tira por alguns momentos do ar. Porque se estou triste e vejo um filme triste, meu sentimento será potencializado, não curto. Uma comédia vai parecer falsa, não vou achar graça e não vou conseguir me alegrar. Mas o terror vai me transportar para uma realidade que não existe, para um sentimento completamente diferente daquele que estou sentindo e por duas horas vou me preocupar apenas com aquela trama.

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Mas por que estou escrevendo sobre isso num blog de literatura, por que estou dividindo com vocês meu sentimento sobre filmes de terror? Porque os livros de terror têm a mesma força para mim, na verdade até maior, porque você se transporta para aquela história por muito mais tempo, se torna quase um personagem da trama (me sinto assim em relação a qualquer livro), se apega àquelas pessoas e passa a ter medo dos monstros que habitam ali. É uma experiência bem intensa. Resolvi falar sobre o medo porque estamos em outubro, o melhor mês do ano, quando comemoramos o Halloween. Com toda essa energia solta por aí, pronta para se reunir no dia 31 e nos renovar. Então, vamos exorcizar nossos medos!

A literatura de terror é bem antiga, na verdade lendas e contos antigos sempre orbitaram pelo terror, porque é através dele que exorcizamos o medo, que aprendemos a lidar com ele e o racionalizamos. Os monstros clássicos, Drácula, o monstro de Frankenstein, o lobisomen, Mr Hyde e tantos outros demônios que povoaram a literatura gótica, são crias dos nossos medos, de que humanos não seriam capazes de atrocidades, apenas monstros. Mas o verdadeiro terror pode acontecer no nosso dia a dia, o rapto e assassinato de uma criança, um pai de família que surta e tenta matar mulher e filho, um serial killer entediado com o mundo que decide chamar atenção pra si mesmo, uma fã insatisfeita que decide obrigar o escritor a voltar a escrever o livro da sua personagem favorita, ou uma mãe e filho presos num carro e reféns de um cão raivoso, são situações bem próximas a nossa realidade, infelizmente, que envolve atos monstruosos praticados por humanos. Sim, eu sei que todos os exemplos que citei são de livros do Stephen King, mas você realmente achou que eu ia fazer um texto sobre medo e livros de terror sem falar do mestre de todos eles? Claro que não.

Afinal meu primeiro contato com o mundo do terror e do medo foi através do King e com ele aprendi a lidar com isso, a entender a mensagem por trás dessas histórias terríveis. Aprendi, também, a me conhecer melhor, a entender meus limites e a perceber a importância do medo em nossas vidas. Ele pode paralisar, mas ele também pode ajudar a aumentar seus limites e te mostrar que no fundo você é, na verdade, bem corajoso por conseguir lidar com ele. Por isso, abrace seus medos, pegue aquele livro de terror que mais te apavora e se entregue a ele. No fim da jornada você vai ver que se tornou uma pessoa bem mais forte, que não precisava temer tanto assim essa experiência e Feliz Halloween!!!

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