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O rock de Lucy O’Brien

Esse ano Madonna comemorou 60 anos de vida e 35 anos de carreira, para celebrar foi relançada sua biografia mais completa, escrita pela jornalista Lucy O’Brien. Mesmo hoje em dia, em 2018, não é nada fácil ser mulher jornalista e escrever sobre música, principalmente rock, imagina nos anos 1980, quando Lucy começou sua carreira em Londres, escrevendo para a icônica NME. Mas não foi nada fácil, ela enviou várias matérias sobre shows e todas foram recusadas. Até hoje Lucy comenta como ela foi deixada de lado na época mesmo escrevendo tão bem quanto os seus colegas homens até finalmente conseguir uma chance e ganhar uma matéria de capa: “Youth Suicide”. Era o fim dos anos 1980 e várias bandas, principalmente inglesas, entravam em um espiral de auto-destruição o que não era nada positivo já que outras publicações romantizavam o suicídio de artista jovens.

Voltando um pouco, Lucy cresceu em Southampton na Inglaterra e estudou em uma escola católica onde montou uma banda punk: “The Catholic Girls”, da qual fez parte entre os 17 e 18 anos. Teve que parar os shows quando foi pra faculdade em Leeds e passou a escrever sobre música para a revista da faculdade. Desde que se formou, em 1983, O’Brien começou a enviar matérias para a NME mas apenas em 1986 conseguiu ter uma matéria publicada, pelo menos a jornalista ganhou a capa mas aquela edição teve um dos piores índices de venda desde então.

O’Brien escrevia ao lado de outros grandes jornalistas musicais como Stuart Cosgrove e Paolo Hewitt. O trio era conhecido por seus textos inflamados e extremamente políticos o que acarretou na demissão de todos eles. Lucy também escrevia para a Spare Rib uma revista feminista. Ao fazer uma matéria sobre mulheres da indústria musical, a jornalista percebeu o a discrepância nos contratos de artistas mulheres, que elas ganhavam bem menos do que os homens e isso a inspirou a escrever seu livro “She Bop”, sobre a história das mulheres na música popular.

Mesmo sem o trabalho fixo na NME, Lucy continuou escrevendo sobre música como freelancer para outras publicações como The Guardian, The Independent, MOJO e Q Magazine. Ela entrevistou artistas como Courtney Love, PJ Harvey, Debbie Harry, Chrissie Hynde, David Bowie, Natalie Cole, Nina Simone, Elvis Costello, Joe Strummer, Melissa Etheridge, Alanis Morissette e Siouxsie Sioux, mas foi ao escrever a biografia de Dusty Springfield que Lucy percebeu que precisava dar mais espaço para as mulheres da música.

Dusty foi sua primeira biografia, depois ela escreveu sobre Annie Lennox e Madonna. Reuniu os nomes mais importantes da música popular, do rock e do soul em seus dois livros “She Bop” e “She Bop 2”. Atualmente Lucy O’Brien é referência como escritora sobre rock, pop e soul, principalmente sobre as mulheres que atuam dentro desses gêneros. Ela é super ativa no twitter e alimenta seu blog onde continua falando sobre feminismo, música, cultura e diversidade.

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