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Os anjos de Lauren Kate

O Cheiro de Livro apresenta sua primeira entrevista com autores internacionais. Leia abaixo a entrevista com Lauren Kate, autora americana de Fallen e Torment (o segundo ainda será lançado no Brasil).

Atenção: se você não leu Fallen, o material abaixo pode apresentar spoilers. Você foi avisado!

Cheiro de Livro: Anjos, vampiros, lobisomens … meninas (e mulheres) hoje em dia aparentemente esquecem príncipes encantados e procuram rapazes mais sinistros ou “amaldiçoados”. Por que acha que isso acontece? Qual a sua opinião sobre a razão destes personagens serem tão populares?

Lauren Kate: Eu acho que a maioria dos livros – alias, a maioria das formas de entretenimento (filmes, vídeo games, música) – são para as pessoas escaparem do mundo real. Um conto de fadas com uma princesa é certamente uma forma de escape que nos permite entrar em um mundo diferente, mas é possível que hoje em dia os contos de fadas estão afastados demais do mundo real. São idealizados demais. Histórias paranormais contém elementos mais sombrios que espelham alguns mistérios que queremos desvendar ou explicar em nosso dia a dia. Sua distância da realidade é o suficiente para ser exótica e sexy, mas os personagens são similares e acessíveis o suficiente para nos darem a chave para desvendar a história.

CdL: Fallen não é a primeira saga literária a falar sobre anjos caídos. Sussurro, Blue Blood também abordam o tema e têm anjos como o interesse romântico das protagonistas. Você já leu algum destes? Acredita que os leitores possam comparar seu trabalho com eles, como fazem com as sagas sobre vampiros (Crepúsculo, Diários do Vempiro, Academia de Vampiros, Noite Eterna, etc). Se sim, o que acha sobre isso?

LK: Eu acho que é um momento muito excitante para estar escrevendo romances paranormais. Existe um público crescente para esse tipo de história e muitos trabalhos excelentes sendo publicados. Eu sinto uma certa parceria com autores que escrevem o mesmo estilo que eu e, de um certo modo, acho que todos temos uma dívida de gratidão com Crepúsculo, por ter relançado o romance paranormal e trazer tantos leitores para esse nicho. Pessoas que poderiam não ter se interessado previamente por esse tipo de leitura, após terem lido Crepúsculo, querem mais histórias do estilo e, para mim, isso é maravilhoso.

CdL: Como surgiu a ideia de escrever sobre anjos caídos?

LK: A idéia começou quando eu li uma passagem na Bíblia (Genesis) sobre um grupo de anjos que foi expulso do céu por terem “procurado” mulheres humanas.  Eu comecei a pensar como seria se uma menina normal de repente se tornasse o objeto de afeição de um anjo, com todos os desafios e empolgação que naturalmente surgiria disso. Como uma pessoa que tem escrito romances sua vida inteira, esse anjo me pareceu o caminho perfeito para me empolgar e escrever uma realmente GRANDE história de amor, uma que traz questionamentos sobre confiança, traição e noções de Bem e Mal.

CdL: A religião faz parte da sua vida? Você acredita que existe muito ou pouca religião na literatura jovem de hoje?

LK: Sempre fui fascinada pelas narrativas Bíblicas. Todos os meus livros têm uma forte base teológica, sem serem marcados especificamente por uma ou outra religião. Não me interessaria escrever um livro sobre um assunto tão rico e não pesquisar sua origem o máximo possível – mas eu não quero tornar a história pesada ou maçante. Eu fiz uma enorme pesquisa para escrever Fallen e continuo pesquisando para os próximos livros da série. Fiquei empolgada quando minha pesquisa me levou para antes da Bíblia Cristã, para antes do Torah e até o Zoroastrismo. Estou interessada nas raízes do Bem e do Mal e em ver o quanto posso esfumaçar a linha entre um e outro.

CdL: Você acha que ter anjos caídos como os mocinhos pode criar algum preconceito ou tabu?

LK: Eu espero que não. Por um ponto de vista de escrita, anjos têm um papel pequeno na Bíblia. Suas menções são poucas e às vezes muito misteriosas, então acredito que a nossa definição de anjos hoje em dia é grande parte devida à concepção cultural. A maioria de nós cresceu com alguma espécie de mitologia. Nós temos uma idéia de como eles devem ser fisicamente (perfeitos, asas brancas), como eles devem se comportar (sempre perfeitamente benevolentes), e sobre o que eles devem fazer (bem, Biblicamente falando, eles são mensageiros de Deus, mas culturalmente também tempos a noção de anjo da guarda). Para os leitores, existe quase que uma consciência coletiva sobre anjos – o que é ótimo porque é acessível. Para os autores, existem tantas possibilidades para brincarmos com esses elementos e expectativas existentes, reescrever histórias antigas e quebrar estereótipos.

CdL: Em Fallen, Luce tem seu coração em dúvida entre Cam e Daniel, no início. As jovens protagonistas da literatura jovem adulta têm essa tendência de se apaixonar por dois rapazes ao mesmo tempo. Por que você acredita que esse “tema” aparece tanto?

LK:O que eu mais amo em escrever jovens personagens é que tudo é possível em seu mundo. Eles são tão abertos à vida – algo que acho que todos devemos manter conforme crescemos. Mas, com essa abertura vem a dúvida. Ao se permitir explorar várias opções diferentes, a escolha por qual caminho seguir também se torna difícil. Por conseqüência é criado o triângulo amoroso! Devo dizer que é um elemento que ainda não me cansou. Existem tantas maneiras de se ter drama e diversão em um triângulo amoroso!

CdL: Existem mensagens específicas no seu trabalho que você gostaria de passar para seus leitores, principalmente em Fallen e em Torment?

LK:Acredito que não. Muito do que acho sobre o mundo é colocado nestes livros, do amor à teologia, da imaginação à amizade, mas acredito que cada leitor trás a si mesmo para cada livro que lê, então não creio que eu deva ser quem diz a ele o que deve retirar de sua leitura.

Para alguns, o romance vai prevalecer, para outros, as questões sobre o Bem e o Mal podem ser mais fortes. Eu realmente valorizo que autores e leitores devem se encontrar no meio de cada livro.

CdL: No seu blog, leitores podem ver um pouco do “making of” do escritor: ele conhecem um pouco sobre como você é e comentam seus posts. Você acha que essa integração ajuda no seu trabalho?

LK: De um lado, a proliferação dos blogs e mídias sociais pode ser demais – principalmente para autores iniciantes. Existe uma pressão para mostrar aos seus leitores como e quem você é. Às vezes me encontro sendo mais aberta sobre a minha vida no meu blog do que com minha família e amigos. É meio estranho, mas todos nós temos que navegar por isso! Mas devo dizer que a recompensa de bloggar e twittar – que é ouvir feedback de leitores do mundo inteiro – tem sido a parte mais incrível dessa jornada. Todos os dias eu me inspiro pelo que alguém escreve, twiita ou coloca no meu mural no Facebook. É o que me ajuda a continuar escrevendo.

CdL: Os direitos para o filme de Fallen foram comprados pela Disney. Como está esse processo? Quando poderemos esperar Fallen nos cinemas?

LK: Fallen é um filme “em desenvolvimento” (como eles dizem na indústria). Nós temos um produtor, dois roteiristas e um estúdio muito empolgado – o Walt Disney Studios. O que ouvi por ultimo foi que estavam procurando um diretor e que, em seguida, começariam a procurar os atores. Talvez até 2012 veremos Fallen na telona!

CdL: Você pode contar algum spoiler de Torment aos leitores brasileiros?

LK: Em Torment, Luce vai arrumar um jeito de olhar para suas vidas passadas e começará a se questionar se tudo que Daniel contou para ela é verdade.

Lauren Kate também escreveu The Betrayal of Natalie Hargrove, antes da série Fallen. Depois de Fallen e Torment, Lauren Kate escreverá ainda mais dois romances para finalizar a saga, sendo o terceiro um prequel (acontecendo antes de Fallen) e o quarto encerrará a série. Fallen é publicado no Brasil pela Editora Galera Record.

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