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Os Testamentos

Era quase inevitável: com o sucesso da série baseada em O Conto da Aia, mais cedo ou mais tarde Margaret Atwood teria que voltar ao mundo da sua obra mais conhecida. E espaço para isso havia, já que apesar de indicar que Gilead eventualmente cairia, O Conto termina de maneira um tanto aberta, ambígua. Agora, em Os Testamentos (Rocco, trad. Simone Campos), ela conta a história de três mulheres em narrativas convergentes e que ajudam a explicar um pouco a queda do regime de Gilead.

Margaret Atwood/Instagram

A linha narrativa principal é focada em Tia Lydia. A personagem mais aterrorizante do primeiro livro aparece aqui de forma mais mais aprofundada, e parece até mesmo ganhar alguma simpatia da autora. A história dela é a mais complexa, e vemos como ela se tornou o que é. Ao mesmo tempo, temos a história de Agnes, uma jovem que está sendo criada pela família para se casar com um Comandante e assim garantir uma posição social mais elevada. A terceira ponta desse triângulo é Daisy, uma jovem que vive no Canadá e que se envolve com a militância de oposição ao regime de Gilead. Aqui temos uma chance de ver como Gilead é visto de fora, e como é a relação com um vizinho mais liberal.

As ações e decisões das personagens nem sempre são totalmente convincentes ou coerentes, e algumas revelações e viradas acabam sendo previsíveis. Mas mesmo assim, Atwood consegue desenvolver as tramas de maneira sempre interessante, com uma narrativa serializada que o tempo todo deixa o leitor ansioso para voltar a esta ou aquela personagem e saber como ela vai se sair de determinado problema. O foco central não está mais nas Aias, mas na própria construção da sociedade Gileadiana, com diferentes formas de opressão às mulheres. Atwood abre um pouco mais a visão, nos permitindo ver outros aspectos dessa sociedade distópica. É um pouco mais leve, até, digamos, mais esperançosa do que a obra original.

Nos 35 anos desde que Margaret Atwood publicou O Conto da Aia, humanidade deu vários passos para a frente mas também muitos para trás – principalmente em tempos recentes. Por isso tanto o original como a continuação são leituras fundamentais.

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