O ótimo livro sobre uma história que gera pouco interesse.
Quando fui a livraria abastecer a biblioteca esse livro foi me indicado assim “esse é um livro difícil de indicar, mas para você posso”. Nada como ter uma livraria onde os livreiros te conhecem e indicam títulos que ficam mais escondidos nas prateleiras e não só os que estão na vitrine. Tenho que admitir que também não sei como indicar “Ritos de Adeus” de Hannah Kent, mas vou tentar, é um livro que merece ser lido.
“Ritos de Adeus” é um romance histórico sobre a ultima mulher condenada a morte na Islândia em 1830. Sim, eu sei que esse plot não faz ninguém pegar o livro, mas garanto que vale a pena. Não é simplesmente a historia de Agnes, seu crime e a punição, é mais do que isso. Agnes é condenada a morte e enquanto espera que a sentença seja confirmada pela Dinamarca, a Islândia nesse momento era uma colônia dinamarquesa, é posta para viver com uma família em uma fazenda no vale em que nasceu e cresceu. É essa relação dela com a família e a sua própria historia que fazem a leitura valer.
A historia de Agnes mostra a dura vida na Islândia, as consequências da pobreza, as crenças existentes no país e, principalmente, a condição da mulher naquela sociedade. Nos agradecimentos Kent fala que a historia do crime de Agnes foi contada em diversos livros islandeses e que neles ela não era retratada com clemencia. Kent não a retrata como inocente, faz o retrato de uma mulher que teve que sobreviver e que cometeu equívocos que a levaram a ser condenada pela morte de dois homens. O fato de Agnes ser uma mulher mais velha, tinha cerca de 30 anos, e solteira contavam contra ela no processo.
“Ritos de Adeus” é um livro difícil de convencer alguém que é bom, a historia obscura, ser o primeiro livro de uma escritora australiana e ser sobre culpa e a mulher na sociedade islandesa no século XIX não colaboram para fazer desse livro uma aposta de leitura para muitos, mas eu garanto que vale mergulhar nesse desconhecido. A escrita é envolvente, a historia bem construída e você até chega a torcer pela condenada a morte.
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