A trilogia “Peças Infernais”, de Cassandra Clare, impressiona e apaixona.
Ao lembrar do final do livro, meus olhos ainda enchem de lágrimas, o peito aperta e a dor, a saudade é similar a que sinto de quem amo quando a distância – física ou espiritual – é grande. Mas o livro acaba, a última página é virada e a dor continua. A vontade de soluçar a perda de um grande amor é tangível. Sou Tessa. Somos todos Tessa Gray, protagonista da trilogia “Peças Infernais”, de autoria de Cassandra Clare.
Pensei em resenhar cada livro separadamente – “Anjo Mecânico”, “Príncipe Mecânico” e “Princesa Mecânica” -, mas me senti incapaz de tal feito. Para mim, ele são uma única história e tão bem contada que é impossível ler um volume só.
Os três livros compõem a trilogia “Peças Infernais”, uma prequel de “Instrumentos Mortais” de Cassandra Clare, que acabou de ter o sexto e último volume publicado, “Cidade do Fogo Celestial”. Passado na Londres Vitoriana, “Peças Infernais” conta um pouco da origem das famílias que dominam os demais livros de Cassandra, mostra conflitos antigos, e apaixona leitores com um par de amigos incríveis e uma linda e triste história de amor.
Tessa Grey é uma jovem americana que vem para Londres a pedido do irmão. Sem outra família, a moça desembarca na cidade e já começa a ser enganada por mulheres sombrias que têm planos para lá de maldosos. Nate, irmão de Tessa, é refém de um grande vilão e Tessa é torturada e forçada a ajudá-los em troca de libertar o irmão.
Spoilers serão ditos aqui. Se não quiser saber o que ocorre, volte somente depois de secar as lágrimas, no final de “Princesa Mecânica”.
Tessa tem uma habilidade peculiar: ela pode se transformar em outra pessoa. É um processo complicado e até doloroso, mas estranhamente suas algozes tinham essa informação antes de capturá-la. A jovem não sabia de sua capacidade e é torturada até esta se manifestar.
Mas nem tudo está perdido! Um jovem Caçador de Sombras – Will Herondale – acaba por libertar Tessa e levá-la ao Instituto de Londres, local de estudo e treinamento dos Caçadores de Sombras. Lá, Tessa conhece Jem Carstairs. Em pouco tempo, os três se envolvem em um triângulo amoroso esperado em livros para jovens adultos, mas incrivelmente bem escrito.
Enquanto Will é impulsivo, sarcástico e com personalidade forte, Jem tem saúde frágil, toca violino, é romântico e muito correto. Ambos são duas partes que formam um todo, um único ser. Isso também tem relação com o fato de serem parabatai, um juramento forte na mitologia de Cassandra Clare que une duas pessoas como irmãos para todo o sempre. Então imagina como a situação fica quando ambos se apaixonam perdidamente pela mesma moça e ela, por sua vez, também retribui esse amor.
Falando assim, parece aqueles livros repletos de traições bizarrinhas e “eu te amo”, “não, eu te amo mais”. Mas “Peças Infernais” está longe disso! A narrativa é muito mais madura do que Cassandra mostrou em “Cidade dos Ossos” e os acontecimentos são colocados de tal maneira e coerência que é impossível escolher Jem ou Will, é impossível não entender o dilema de Tessa e o desespero dos rapazes. Até porque um é extremamente leal ao outro.
Isso tudo sem levar em consideração o passado de Jem, a “maldição” de Will, a tabuleiro de xadrez que é a vida de Tessa, e o dilema complicado que os demais personagens (que são incríveis) vivem.
Além do romance, a trilogia “Peças Infernais” apresenta conflitos que virão a se desenvolver em outros livros (até alguns ainda sendo escritos por Clare), utiliza elementos do gênero Steampunk – como autômatos – e aborda temas como lealdade, responsabilidade, importância da família e sacrifício.
A trilogia é madura, bem escrita, rica em detalhes e apaixonante. Ao final de “Princesa Mecânica”, Cassandra Clare literalmente arranca nossos corações e os faz de capacho. Em uma entrevista recente, perguntaram a Cassandra qual parte dos livros que já escreveu a fez chorar mais. A resposta? O epílogo de “Princesa Mecânica”. Já viu né?
Mas vale lembrar que embora alguns personagens venham a morrer, outros são imortais e voltam em “Instrumentos Mortais” e estarão até nos próximos livros. Então fica a super dica: aproveite que a autora estará em terras brasileiras, leia a trilogia e corra atrás de um autógrafo!
Outros links:
Anjo Mecânico:
Príncipe Mecânico:
Princesa Mecânica: