Samba é desses temas que me encantam e dos quais sempre tento ler mais sobre. Quando vi, no inicio do ano, que seria lançada uma série de livros sobre a história do samba que eles seriam escritos pelo Lira Neto corri para comprar o primeiro. Tempo curto para conseguir ler com a atenção que queria me fizeram esperar até agora para degustar cada página.
Samba é, inegavelmente, um símbolo nacional. Desses que construíram nossa identidade como país e o imaginário do que é ser carioca. Escrever uma espécie de biografia do Samba é desses projetos audaciosos e que precisava de alguém com o talento de Lira Neto para executar. Tornei-me fã dele lendo os três volumes da biografia de Getúlio Vargas (leia aqui, aqui e aqui) e sendo abduzida pela sua escrita fluida e sua detalhada pesquisa.
Esse primeiro volume do que será uma trilogia versa sobre o período entre o final do século XIX e meados da década de 1930. É o período em que o samba chega da Bahia na Pequena África e começa a ser absorvido e transformado, primeiro no centro do Rio e depois nos morros da cidade, onde, efetivamente, foi modificado e ganhou as características do que chamamos de samba hoje. Entender melhor a importância fundamental das Tias foi um presente, saber porque Tia Ciata é citada até hoje em qualquer texto sobre a história do samba foi um dos ganhos que tive lendo.
O livro foca nos personagens importantes que formaram o gênero. Começa com Hilário, Donga, Pixinguinha e Sinhô e termina quando uma nova geração com Cartola, Noel Rosa, Ismael Silva e Lamartine Babo começam a despontar como ícones do samba. É uma pesquisa minuciosa que vai nos guiando não apenas pela transformação da música mas também as mudanças urbanísticas do Rio de Janeiro que, de certa forma, contribuíram para a penetração do samba nos subúrbios e nos morros cariocas.
É uma viagem maravilhosa pelo nascedouro do samba. Ler sobre encontros que produziram tantas musicas inesquecíveis e ver como cada um contribuiu para não apenas a evolução do gênero mas também o inicio da cooptação pela indústria cultural. É uma leitura viciante e que, de tantas em tantas paginas, me vi cantarolando os sambas que eram citados, uma delicia. Agora é aguardar pelo lançamento do segundo volume.
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Muito interessante. Samba não é um gênero dos meus preferidos, mas essas histórias que envolvem música e outros processos criativos são sempre muito instigantes, ainda mais se tratando de fatos reais. Ótima dica!
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