Esse é um daqueles livros em que a capa é uma das responsáveis por ter lido. O best-seller de Rainbow Rowell estava em todas as estantes das livrarias e aparecia como sugestão pra mim na Amazon. A capa singela com duas figuras de costas com headfones ficou gravada na minha cabeça e quando busquei um livro mais leve para ler fui direto nele, uma ótima escolha. É um romance sobre o primeiro amor, sobre ser diferente, é triste, é lindo e, acima de tudo, é uma ótima leitura.
O livro se passa em 1986, isso significa que é um tempo sem celular e internet, um tempo em que se comprava vinil e se gravava fitas cassete, em que pilha era artigo essencial para o walkman e, mesmo que não esteja no livro, se rebobinava as fitas com caneta para poupar pilha. É nesse contexto que Park, um adolescente meio coreano, e Eleanor, uma ruiva com cabelos cacheados, se conhecem no ônibus do colégio em Omaha.
A estrutura da narrativa, que é dividida entre Park e Eleanor, favorece o livro. Ler os dois lados da história, ver Park pelos olhos de Eleanor e vice versa enriquece a leitura. O dado mais óbvio é como Eleanor se descreve, ao longo de todo o livro ela se diz gorda, em nenhum momento Park vê isso. Ela fala, em vários momentos, sobre seu corpo de forma depreciativa e ele é só elogios. Esses pequenos detalhes vão montando um quadro completo sobre os dois e vão envolvendo o leitor.
Eleanor é a filha mais velha em uma família problemática. Vive com a mãe e os irmãos com um padrasto abusivo. Sua história é contada aos poucos e isso amplia um pouco o seu drama, os momentos ternos com Park, o início do relacionamento deles coloca um sorriso no rosto do leitor e o terror que ela tem de Richie, o padrasto, fazem o contraste exato que indicam os rumos do livro. Nem tudo é mar de rosas na vida. Park é a parte estável do romance, sua família é de comercial de margarina e ele tem apenas as inseguranças de qualquer adolescente.
O que faz desse livro uma boa leitura é a construção do romance entre os dois. Tudo começa com historias em quadrinho (Watchman, em particular), evolui para musica (pode-se ouvir as fitas que Park e Eleanor fazem aqui) e se torna um namoro em meio a conversas estranhas, cheias de silêncios, de rostos ruborizando, enfim, todos os elementos de um romance adolescente.
Se tudo isso não bastasse para fazer de “Eleanor & Park” um bom livro ele ainda tem um final em aberto que é perfeito para a história. Rainbow Rowell entrou na minha lista de autores para acompanhar, “Fangirl” já está na lista para ler.
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