É um livro fictício. Um livro dentro de uma série de rádio, que depois virou livro de verdade. É uma “trilogia de cinco livros” (agora seis, ou sete). Começa com uma instrução muito importante: Não Entre em Pânico. Mas antes de mais nada é uma janela uma pra mente genial: a do gigante (literalmente/literariamente) 00.
Douglas Adams era um escritor com uma tremenda dificuldade para escrever. Ao longo da carreira, sofreu muito com esse tipo de bloqueio. Chegou a dizer que adorava o som que os prazos dos editores faziam quando passavam voando. Teve a sua maior ideia um belo dia, deitado num gramado em Innsbruck, na Áustria, depois de tomar umas e muitas outras. Estava viajando com um daqueles guias de viagens pela Europa, e olhando pro céu imaginou que deveria haver um guia pro espaço. Passada a ressaca, veio a parte mais difícil, que foi sentar e escrever.
Começou como uma série de rádio para a BBC. O terráqueo Arthur Dent é salvo da destruição da Terra pelo alienígena Ford Prefect, que está aqui para escrever mais um artigo para o Guia do Mochileiro das Galáxias. Entre outros ensinamentos importantes, o Guia explica que o principal acessório do viajante espacial é uma toalha. Os episódios seguintes narram as aventuras dos dois, junto com um um elenco genial de personagens como Zaphod Beeblebrox e Marvin, o andróide paranóide. De quebra, ainda descobrem a resposta para o significado da vida, do universo, e de tudo.
Misturar humor com ficção científica parece fácil mas não é: é muito comum o autor ficar na paródia ou acabar no ridículo. Mas Adams conseguiu, e muito mais do que isso, fazia rir com a estupidez humana. Nada o irritava mais do que isso. Assim como Terry Pratchett em sua série Discworld, o humor com roupagem fantástica serve para uma sátira contundente da sociedade contemporânea e do ser humano real. Com forte influência do grupo Monty Python (até colaborou com alguns deles), era um crítico feroz da irracionalidade.
O sucesso da série levou a BBC a insistir para que ele transformasse o roteiro em livro. Depois em série de TV, continuações no rádio, e mais livros. Aí começou o problema. Quanto mais pressão pra produzir, mais dificuldade Adams tinha. Mas se escreveu pouco, merece a fama só pela quantidade e qualidade das ideias. Cada volume do Mochileiro tem ideias suficientes pra fazer a carreira de outro escritor menos brilhante. E ele morreu jovem, em 2001, aos 49 anos.
Mas ele era mais do que um escritor, e reduzi-lo a isso não faz jus a Douglas Adams. Foi também defensor das espécies em extinção antes que o ambientalismo virasse a preocupação planetária da moda (golfinhos e baleias são importantes no Guia). Era um entusiasta das novas tecnologias, e abraçou os primeiros processadores de texto. Também influenciou uma geração de escritores. Neil Gaiman conta que decidiu se tornar um escritor aos 22 anos quando fez uma longa entrevista e se tornou amigo de Adams. Vem de Gaiman talvez a melhor definição: Adams não era exatamente um escritor, mas um explicador. Depois que ele te explica como enxerga alguma coisa, é praticamente impossível você ver aquilo da mesma forma que antes.
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