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Coragem

Os movimentos #MeToo e #TimesUp causaram uma reviravolta em Hollywood e em outras indústrias (embora menos do que deveria … ainda). Mas esse tsunami não veio do nada. Ele veio para ficar, veio para dar um basta no comportamento que nossa sociedade estava mal acostumada a ter. Esse comportamento que aceitava que homens mal intencionados, mas igualmente poderosos, abusassem de seu poder, fortalecendo assim a ideia de que mulheres devem ser objetificadas e silenciadas. Não mais!

Em “Coragem” (HarperCollins Brasil), a atriz Rose McGowan solta o verbo e não mede palavras para mostrar seu posicionamento nesse movimento. Além de contar o que aconteceu com Harvey Weinstein (a quem ela chama somente de Monstro) e com outros abusadores (um deles me chocou muito porque eu realmente não espera!), Rose expõe uma vida marcada por abusos diferentes, desde psicológicos a físicos e sexuais. Mas um fator que se mantém forte do início ao fim do livro é o fato de que Rose nunca se colocou como vítima, mas como sobrevivente.

“Coragem” é um soco no estômago e um exemplo de como expor a fragilidade é força. Rose não mede palavras para mostrar sua revolta, suas cicatrizes, mas também não se cala na hora de elevar sua voz contra injustiças.

Um fator que acho que vale o livro é que Rose McGowan não fala só das suas experiências com abuso, mas como Hollywood tem influência sobre todas as nossas vidas, tendências, vontades e até escolhas. E como isso é perigoso de consumir sem consciência! É o clássico caso de que “se está no cinema, vale a pena copiar”, sabe? E também é destacada a diferença entre um cara criminoso e um cara apenas babaca. Ambos merecem serem colocados em seus devidos lugares, mas com devidas proporções. E Rose é implacável!

Embora veja o livro como uma leitura impactante, principalmente no atual momento que vivemos, acho que Rose foi agressiva demais. Sim, é revoltante ler tudo que ela passou – e passa -, mas a agressividade no relato, embora justificada e coerente, pode afastar o leitor. Senti que, nessa situação, a forma feriu um pouco o conteúdo. Mas, ao mesmo tempo, essa é Rose, é quem ela é e isso é louvável.

“Coragem” é um desabafo, um chamado para a luta que todas nós, mulheres, estamos cansadas de travar, mas que juntas podemos vencer. Basta não se calar e ter coragem.

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