Coluna

De sonhos e histórias sem fim

Aconteceram duas coisas muito doidas comigo essa semana e eu gostaria de compartilhar com vocês. Não sei se são exatamente doidas, mas elas certamente não podem ser categorizadas nas listas de acontecimentos padrão.

Vamos ao que interessa.

A primeira delas foi um sonho, quase um pesadelo, mas, ainda que tenha sido um sonho ruim, não cheguei a acordar suando frio ou chorando, como costumava ser no passado, na minha época de infância, quando eu acordava mal a ponto de molhar o travesseiro de suor e lágrimas. Xixi, não, juro, porque parei de fazer xixi na cama quando tinha dois ou três anos, durou bem pouco – e nem é porque sou fodona, é porque acho que só de pensar em lençol molhado, meu olho treme de nervoso. Detesto. Mas estou digredindo. Sonho. Ou melhor, pesadelo. Tem um coisa nessa droga de pesadelo que me incomodou profundamente. E nem na terapia eu descobri por que fiquei tão incomodada, ainda é um mistério que talvez um dia eu venha a desvendar. Vejam se podem me ajudar. Vou contar como foi e depois o que me incomodou. Foi assim:

Eu estava ali naquela rua, que não sei o nome, perto da pontezinha que leva pro Shopping Downtown, uma paralela à (acho) Avenida das Américas, não importa. É uma rua que dá num posto de gasolina antes de você subir as escadinhas pra essa ponte e finalmente chegar ao shopping – como vocês podem ver não sou boa com nome de ruas. Eu estava ali andando tranquilamente a caminho do trabalho, deviam ser umas 8h30, o sol batendo nas costas, e de repente ouço um motor de carro acelerado, gritos e barulho de tiro. Ao meu lado esquerdo, vindo a uma velocidade considerável, passava um carro grande com bandidos apoiados na janela, armas enormes nível AK-47 nas mãos e atirando nas pessoas. Muitas foram atingidas. Eu fui uma delas.

Foi horrível. Na verdade eu nem senti dor, foi mais um susto sinistro ao olhar para baixo e ver sangue e buracos na roupa. Eu estava de blusa verde e a combinação com o vermelho do sangue não foi nada artística, era uma cor deprimente. Não durou cinco segundos, acho, e eu caí, bem no meio do posto de gasolina. Ninguém veio me socorrer porque as pessoas que não tinham sido atingidas correram para se esconder e proteger, claro. No chão, eu alcancei a minha bolsa e peguei o celular. Vocês acham que eu liguei pra emergência? Ambulância? Polícia? Nope. Eu entrei no WhatsApp (pelo menos não abri o Instagram pra gravar um Stories, porque seria bem a minha cara fazer isso!). E aí eu fiz uma coisa que eu jamais vou entender em toda a minha existência e que me incomodou profundamente quando eu acordei e me toquei do que tinha feito.

Eu gravei três áudios, cada um para um destinatário diferente. O primeiro foi para o crush, dizendo umas coisas extremamente bregas, sobre a importância dos momentos que passamos juntos, independente do que aconteça, bla bla bla, típico discurso venenoso injetado pelos filmes de comédia romântica, blérgh. Áudio enorme, by the way, tipo uns 2 ou 3 minutos. Quem se importa pro sangue e pra vida se esvaindo, né? Segundo áudio foi para um grupo de miguxos lindos que eu amo muito dizendo o quanto eu os amava e eles eram importantes na minha vida. Finalmente, o terceiro foi para minha mãe. Foi o áudio que eu comecei a chorar e que eu já estava mais pra lá do que pra cá, a perda de sangue finalmente fazendo efeito. Eu disse a ela: ‘Mãe, eu te amo. Eu tô morrendo, mas vai ficar tudo bem. Eu tô bem. Você vai ficar bem, não precisa se desesperar. Tá tudo bem.”

WHAT THE FUCK, DREAM?

Primeiro, como diabos está tudo bem? VOCÊ TÁ FUCKING MORRENDO, VIVIANE! Segundo, COMO ASSIM VOCÊ MANDA ÁUDIO PRA SUA MÃE POR ÚLTIMO E AINDA DIZ PRA ELA “FICA BEM!”? Terceiro: ÁUDIOS DE WHATSAPP?????

Maluco, tem tanta coisa errada nesse sonho que eu não consigo nem…

Estou incomodada. Profundamente.

Ah, só terminando: depois de mandar o áudio pra minha mãe, foi bem aquelas cenas de filme dramático, meu corpo desfaleceu, dei um último suspiro, então a câmera deu zoom no meu braço caído no chão, o celular escapando da minha mão pro asfalto sujo e molhado do posto de gasolina e aqueles dois tracinhos do WhatsApp ficando azuis logo em seguida. Tudo ficou escuro e eu acordei.

Gente, é tanta coisa pra tratar na terapia que cês não fazem ideia…

A segunda coisa que me aconteceu essa semana e que eu achei bolante – e que vou deixar pra desenvolver melhor na próxima coluna porque já falei demais – foi o meu desejo obsessivo de que alguns livros simplesmente não acabassem. E não estou falando de finais amarrados, tipo quando a história de um personagem se resolve e pronto, fim. Eu digo no sentido literal da palavra mesmo. Você está lendo uma história e a vida de todos ali deveria ser infinita, sempre em movimento, sempre em construção, porque elas são tão boas e tão gostosas de se ler que você não quer que acabe, você quer que essa história seja uma companhia diária pelo resto da sua vida. Páginas infinitas. Mas claro que isso não poderia ser feito com um livro impresso, mas digital? Poxa… super dá pra fazer! É só o autor não dormir mais pelo resto da vida. Entendeu o que eu quero dizer? Não?

Eu explico melhor mês que vem!

#Fui

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