Paula Hawkins me conquistou nas primeiras páginas de “Garota no Trem”, quando soube de seu segundo livro corri para ter “Em Águas Sombrias” nas mão. Li em duas sentadas, é impossível coloca-lo de lado até se chegar ao fim.
Nel Abbott aparece morta no Poço dos Afogamentos, um local cheio de lenda e histórias e que ela pesquisava para escrever um livro. Sua irmã Jules, com quem não fala há anos, é chamada para reconhecer o corpo e tornar-se responsável pela sobrinha Lena de 15 anos. É um inicio banal e que pode fazer crer em uma grande elaborada trama que levou a ser assassinada ou se matar. Hawkins faz ser mais do que isso, faz ser uma história sobre mulheres, sobre misoginia e sobre se enfrentar o passado.
O que me chamou a atenção na escrita de Hawkins nunca foi o crime, ou seja, o plot principal da história, e sim a forma e os personagens. Se no primeiro livro ela se esforçou para que os leitores fossem surpreendidos, aqui ela evoluiu e se prendeu ao que faz melhor: contar a história.
Aqui Hawkins se utiliza de diversos personagens contando a história, cada um com sua voz, cada um com seus preconceitos e medos. Cada um empurrando a narrativa a diante e colocando mais duvidas e certezas na cabaça do leitor. É uma construção meticulosa e lenta que vai, aos poucos, mostrando o todo e vai, ao mesmo tempo, enredado o leitor que se torna incapaz de colocar o livro de lado.
É impossível ler Hawkins e não se lembrar de Gliann Flynn e todas as suas mulheres desprezíveis. A conexão entre as personagens de ambas as escritoras é gritante e traz a tona questões sobre preconceito de gênero que vão muito além das páginas. Em um dado momento Lena diz para Jules que as pessoas sempre assumem que a culpa é da mulher mesmo que a culpa seja claramente do homem, é isso que está implícito em toda a narrativa. Na verdade Hawkins vai além disso, coloca nas suas páginas vários estereótipos femininos e como todos eles atrapalham a busca pelo que aconteceu. Estão lá a mulher sedutora que existe apenas para desencaminhar homens direitos, a mulher louca que ninguém quer ouvir, a mulher direita, a mãe super protetora. São esses estereótipos que nos guiam.
Paula Hawkisn definitivamente entrou na minha lista de escritoras para seguir sempre e ler tudo.
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