Uma menina quebrada por dentro e, de certa forma, por fora. Um rapaz com coração bom, porém destruído. Uma história complicada, delicada e extremamente forte. Isso nem começa a explicar o que é a experiência de ler “Mar da Tranquilidade”, de Katja Millay (Editora Arqueiro).
Minha primeira impressão ao ler a sinopse foi “Ai, meu Deus. Mais um tentando ser ‘A Culpa É das Estrelas’”. Ainda bem que deixei o pré-conceito de lado e ingressei na escrita de Katja. E essa primeira impressão não poderia estar mais errada. A única semelhança entre os dois é que ambos são apaixonantes e tratam de protagonistas que precisam se recompor para seguir em frente.
Nastya deixou tudo que era e conhecia para trás e se mudou para a casa da tia. Nova escola, novo guarda-roupa, nova vida … mas sem falar. Embora sua mente esteja em constante tumulto tamanha é a sensibilidade da jovem, Nastya, por decisão própria, parou de falar há mais de um ano. A razão para tal você vai descobrir, mas não posso contar. É um segredo dela que será dividido com você se ler sua história, se parar para ouvir o que a menina tem para te dizer. Eu parei e não me arrependo.
Na cidade e na escola nova está Josh, um jovem que ama carpintaria e é excelente no ofício. Passado e presente repleto de perdas, Josh deixa a vida o levar até encontrar Nastya, a menina nova e misteriosa. E não é que ela – que está sempre em movimento, pálida e extremamente maquiada – encontra em sua serenidade uma companhia?
“Mar de Tranquilidade” não é um livro sobre a menina nova misteriosa e o rapaz perfeito. É sobre como duas almas jovens conseguem envelhecer tanto devido ao que sofreram, mas continuam lutando e vencendo obstáculos para continuar vivendo. E o mais doloroso é que, às vezes, esses obstáculos são colocados por eles mesmos.
Além de Josh e Nastya, o livro conta com personagens coadjuvantes excelentes, como Drew e sua mãe, e Clay, ambos colegas de classe do casal protagonista. Todos vivem dramas adolescentes iguais a que vários jovens vivenciam todos os dias. E isso é uma das qualidades do livro: a capacidade da autora de trazer a realidade para a ficção sem torná-la banal e sem transformá-la em algo “over”.
Narrado em primeira pessoa, alternando o ponto de vista entre Nastya e Josh, “Mar de Tranquilidade” consegue contar histórias extremamente reais de uma forma que mantém a intensidade, mas com doses de humor e de sensibilidade. Os mistérios que envolvem os personagens não são jogados na gente, mas contados ao longo do livro, conforme eles passam a confiar em nós, leitores.
A cada página virada, mais eu queria saber sobre o que levou Nastya a fazer o que está fazendo e mais eu queria que Josh entendesse. E que ela o entendesse. E que todos se resolvessem. E essa leitura foi forte e angustiante e linda. E não tem quantidades de “Es” suficiente para explicar a quantidade de emoções sentidas ao ler “Mar de Tranquilidade”.
Se você busca uma boa leitura e personagens que vão te deixar de coração apertado, esse é o livro da vez. Não o deixe escapar.
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